São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Vendedor reconhece policiais acusados de tortura em distrito

Três homens do 15º DP são reconhecidos por meio de fotos

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vendedor Luís Cesar Scwinzekel, 20, reconheceu ontem na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo as fotos de três policiais que ele afirma o terem torturado há um mês no 15º DP (zona oeste).
A delegada-corregedora encarregada do caso, Claudia Virgínia Guimarães Pereira, disse que até o final desta semana convocará o rapaz para o reconhecimento pessoal dos policiais. "O reconhecimento fotográfico pode estar sujeito a erro", afirmou.
Scwinzekel e sua mulher, T.A.,17, foram detidos no dia 30 de março, acusados de fazer compras no shopping Ibirapuera, em Moema (zona sul), utilizando notas falsas de R$ 50,00 e de R$ 100,00.
O casal conta que foi abordado por seguranças do shopping e encaminhado à sala de segurança. O rapaz diz que nessa sala foi espancado por seguranças e por um PM para confessar de quem havia conseguido o din
Como alegaram desconhecer que as notas eram falsas, foram encaminhados ao 15º DP, onde, segundo Scwinzekel, ele teria sido submetido a uma sessão de tortura, também para contar de quem havia recebido o dinheiro falso.
O rapaz afirma que foi levado a uma sala no primeiro andar da delegacia e lá, suspenso com uma barra de ferro apoiada em duas mesas.
"Os policiais começaram a bater com cassetete em meus pés e aplicar choque elétrico. Colocaram música alta para abafar meus gritos e chegaram a interromper a sessão para tomar sorvete e contar piadas", contou o vendedor.
O delegado titular do 15º DP, João Lopes Filho, e a administração do shopping Ibirapuera negam as acusações.
A delegada Claudia Pereira ouviu ontem o depoimento do delegado Orivaldo Volpato, responsável pelo plantão na noite em que o casal foi levado ao 15º DP.
Ela disse que o delegado afirmou que Scwinzekel não aparentava ter sofrido agressão física no shopping, mas que, mesmo assim, requisitou exame de corpo de delito.
Os laudos desse exame e de outro que foi realizado dias depois da suposta sessão de tortura ainda não estão prontos.
A delegada-corregedora afirmou também que o delegado Volpato negou que a garota tenha ficado presa com outros homens na madrugada do dia 1º, conforme ela havia denunciado.

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