São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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Acusação usa argumentos sociológicos

CLÁUDIA MATTOS
SERGIO TORRES

CLÁUDIA MATTOS; SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Assistente critica política de segurança pública; promotor acha que confissão de Emmanuel foi mentirosa

A acusação atacou em duas frentes para convencer o júri de que o réu Marcos Vinícius Borges Emmanuel merecia ser condenado por todas as mortes e tentativas de assassinato que aconteceram na chacina da Candelária, em julho de 93.
Enquanto o promotor José Muiños Piñeiro Filho teceu uma argumentação técnica sobre a participação de Emmanuel na chacina, o assistente de acusação Fernando Fragoso usou argumentos sociológicos.
Piñeiro argumentou que o fato de Emmanuel confessar ter assassinado apenas um dos oito meninos de rua que morreram não significava que ele não havia tido participação nas demais mortes ou tentativas de assassinato.
"Ele só ficou dentro do carro para não ser reconhecido, pois era guarda de trânsito na área", disse o promotor.
Já Fragoso optou por evidenciar a questão dos direitos humanos no Brasil e das crianças carentes.
Ele também criticou, durante a acusação, a política de segurança pública do Estado.
Divergência
Promotores e a assistência de acusação também divergiram quanto à veracidade da confissão de Emmanuel.
O promotor Piñeiro acredita na versão de Emmanuel. O assistente Fragoso, com o apoio das ONGs (organizações não-governamentais), acha que a confissão é mentirosa.
Na avaliação de Fragoso, vice-presidente da seção Rio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), está em curso um plano para inocentar o tenente Marcelo Ferreira Cortes, a partir da desmoralização da testemunha principal, Wagner dos Santos.
Plano
O plano consistiria em colocar a maior parte da culpa da chacina no ex-policial militar Maurício da Conceição Filho, o Sexta-Feira 13, morto há dois anos.
O promotor não crê que a versão do acusado tenha sido montada.
Piñeiro confia no coronel Valmir Alves Brum, da PM, cujas investigações resultaram na confissão do acusado.
O fator que leva o promotor a acreditar é justamente a confissão de Emmanuel.
Para o promotor, ele não confessaria a participação em uma chacina apenas para inocentar o tenente Cortes.
Fernando Fragoso tem opinião diferente. Para ele, o tenente Cortes está envolvido na matança, conforme afirma a testemunha Wagner dos Santos.
"Acredito na palavra de meu cliente, que diz ter visto Cortes fazer o que fez", afirmou Fragoso.

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