São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
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'Eu não brigo com a natureza', diz prefeito

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O prefeito de Recife, Jarbas Vasconcelos (PMDB), disse que vai viver "sob tensão" até julho, quando termina o período de chuvas no Nordeste. Segundo ele, os deslizamentos de morros não podem ser evitados por causa do volume de chuva, considerado "anormal".
"A cidade não está preparada", afirmou referindo-se ao temporal. "Recife está sujeita a novas tragédias." O prefeito disse que conversou com o presidente Fernando Henrique Cardoso e que vai ainda esta semana a Brasília pedir ajuda.
Vasconcelos calcula que são necessários R$ 50 milhões para evitar novos deslizamentos nos morros -onde mora um terço da população de Recife.
(FG)
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Agência Folha - Como está a situação da cidade hoje?
Jarbas Vasconcelos - A situação nos morros ainda é ruim. A chuva parou, mas o que preocupa é que ela aconteceu em abril, e o inverno (período de chuva no Nordeste) só começa em maio e termina em julho. Vamos viver sob tensão nesse período.
Agência Folha - Qual foi a ação preventiva realizada pela prefeitura nos morros?
Vasconcelos - Nos morros nós fizemos o nosso maior investimento. Aplicamos nos três anos mais de R$ 30 milhões em obras e na política de orientação das comunidades. O problema é a ocupação desordenada e a falta de uma política de habitação. A população tem que ter uma alternativa de moradia.
Agência Folha - Por que aconteceu a tragédia?
Vasconcelos - Aconteceu porque a chuva foi anormal. A cidade não está preparada para isso e vai estar sujeita a tragédias desse tipo se voltar a chover.
Agência Folha - Não era possível evitar a tragédia?
Vasconcelos - Não era possível evitar porque não temos recursos e eu não brigo com a natureza. Precisaríamos de R$ 50 milhões para ajeitar os morros.
Agência Folha - O sr. vai pedir ajuda ao governo federal?
Vasconcelos - Falei ontem (anteontem) com o presidente Fernando Henrique e relatei o caso. Ele se colocou à disposição para ajudar. Devo ir a Brasília assim que consolidar os números da tragédia, que ainda são confusos.

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