São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996 |
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Angela ganha R$ 100 e quer ser modelo Com R$ 12 em mercado, empregada compra bombons RODRIGO ONIAS
A Folha convidou Angela para gastar o valor do aumento do salário mínimo (R$ 12) em um supermercado com as mercadorias que escolhesse. "Não dá para nada. Eu esperava que o salário fosse para pelo menos R$ 200." No mercado, ela comprou um pacote de 5 kg de arroz, dois pacotes de 1 kg de açúcar, um sabonete, uma caixa de chá mate de 100g, um desodorante, uma caixa de bombons de 400 g e um chiclete. "Esse presidente não vale nada", disse. Angela mora numa favela na Vila Penteado (Freguesia do Ó, zona norte de SP) e trabalha como doméstica -com carteira assinada- há 10 meses na casa de uma bancária na Lapa (zona oeste). Ela entra no trabalho às 8h e sai às 17h30. Do trabalho, passa em casa antes de ir para a escola municipal em que estuda a partir das 19h30. Angela cursa a 5ª série. Ela entrega os R$ 38 que sobram à sua mãe, Maria de Jesus da Silva, 57. Angela pagou ontem a primeira prestação do "book" que fez. Faltam ainda três prestações. "Antes, eu gastava o resto do dinheiro com roupas, sapatos, perfume. Mas, agora, não posso comprar nada." Angela disse que costuma gastar R$ 20 com uma calça e R$ 17 com um perfume. A adolescente mora com a mãe, o padrasto, o irmão, a irmã, o cunhado e três sobrinhos. A renda mensal da família é de menos de R$ 500. "A gente gasta mais com a comida, uns R$ 200 por mês", afirmou a mãe. Texto Anterior: Bolsa lidera ranking do mês de abril Próximo Texto: Tarde consome 9 mínimos Índice |
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