São Paulo, quarta-feira, 1 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Líderes governistas dizem que medida será rejeitada

SÔNIA MOSSRI

SÔNIA MOSSRI; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Contribuição de inativos federais gera reclamação dos partidos

Os líderes governistas no Congresso rejeitaram dois pontos da MP (medida provisória) que aumentou o salário mínimo para R$ 112,00.
Eles são contra a cobrança da contribuição previdenciária de inativos da União e o aumento da alíquota da contribuição dos autônomos enquadrados nas primeiras três faixas da tabela de dez salários-base.
A insatisfação foi comunicada durante reunião com os ministros Pedro Malan (Fazenda), José Serra (Planejamento), Paulo Paiva (Trabalho), Reinhold Stephanes (Previdência) e Luiz Carlos Santos (Coordenação de Assuntos Políticos).
Os líderes informaram que as duas medidas dificilmente serão aprovadas em ano eleitoral.
"Não vou vender ilusões. O governo vai ter dificuldades para aprovar o aumento da alíquota dos autônomos e criar a contribuição dos inativos da União em ano de eleições municipais", disse o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira.
Os líderes disseram aos ministros que os 306 deputados que rejeitaram, em 17 de janeiro deste ano, projeto que propunha a contribuição sobre inativos não mudariam de idéia a cinco meses das eleições de outubro.
Nem mesmo os líderes do governo na Câmara, Germano Rigotto (PMDB-RS), e no Senado, Elcio Alvares, manifestaram crença na aprovação das medidas.
A edição da MP, publicada na edição de ontem do "Diário Oficial da União", instituindo a contribuição sobre inativos, é a terceira tentativa do governo.
No início de 95, o presidente Fernando Henrique Cardoso enviou um conjunto de emendas constitucionais ao Congresso. Entre elas, estava a proposta de criação da mesma contribuição dos inativos federais.
Inconstitucionalidade
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara a considerou inconstitucional. Em agosto, o governo ensaiou novamente, enviando projeto de lei, que foi rejeitado em janeiro de 96.
O líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), reclamou junto a Malan e Stephanes que a MP criando a contribuição atropela o seu relatório sobre a reforma previdenciária.
Temer também afirmou na reunião, durante café da manhã no Ministério da Fazenda, que a retomada pelo governo da contribuição não será aprovada.
Tucanos
Até mesmo o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), reconheceu na reunião as dificuldades para aprovação da elevação da alíquota de contribuição dos autônomos e a instituição da cobrança para os inativos da União.
Os líderes não se mostraram sensíveis aos argumentos de Malan, Serra e Stephanes, de que as duas medidas são essenciais para reduzir o déficit de R$ 2,5 bilhões da Previdência previsto para 96.

Texto Anterior: Stephanes diz que recorrerá a bancos
Próximo Texto: Saiba o que diz a MP do mínimo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.