São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Major mata garoto em tentativa de roubo

DA REPORTAGEM LOCAL

O major da Polícia Militar Luis Carlos Barreto de Oliveira, 43, matou com um tiro um adolescente conhecido pelo apelido de "Pixote", que teria tentado roubá-lo com um canivete.
O crime ocorreu anteontem, às 18h, no cruzamento das avenidas Duque de Caxias e Rio Branco, em Santa Ifigênia (região central de São Paulo).
"Ele falou que ia furar meu pescoço. Não tive escolha. Se o rapaz estivesse mais distante, eu apenas sacaria a arma e o prenderia." O garoto aparentava 17 anos.
Oliveira trabalha na academia da PM e, desde abril, é um dos quatro juízes militares do Conselho Permanente de Sentença da 1ª Auditoria do TJM (Tribunal de Justiça Militar). Os juízes militares das auditorias são trocados a cada trimestre.
Até as 18h de ontem, o adolescente não havia sido identificado pela polícia. Ele morreu no pronto-socorro da Santa Casa e seu corpo estava no IML (Instituto Médico Legal).
Escort
Na tarde de anteontem, o major trabalhou até as 17h. Em seguida, segundo ele, saiu com outros juízes para tomar um café. Voltou ao estacionamento do TJM e apanhou o carro, um Escort vermelho.
Oliveira pegou a avenida Amaral Gurgel e, em seguida, a avenida Rio Branco. "Eu estava indo para casa", disse o major, que mora na zona norte da cidade. Parou o veículo no semáforo da esquina com a avenida Rio Branco. A janela do carro estava com o vidro abaixado.
Pouco depois, segundo ele, um rapaz aproximou-se por trás e encostou um "objeto cortante" em seu pescoço. O adolescente teria mandado o major "passar tudo" e dito que ia "furar seu pescoço".
Oliveira pegou uma bolsa, que estava entre os dois bancos dianteiros do carro, e, em vez de retirar a carteira, sacou o revólver calibre 38. "Dei apenas um tiro. Eu precisava me defender."
O adolescente caiu no meio da avenida e foi cercado por dois amigos que estavam na praça Princesa Isabel. Pouco depois, chegou o corpo de resgate dos bombeiros.
O rapaz foi medicado na rua e levado para a Santa Casa, onde morreu na madrugada de ontem. O 3º DP fez um boletim de ocorrência.
Cruzamentos
A delegacia Seccional Centro fez um levantamento sobre os cruzamentos do centro da cidade com maior número de roubos. Eles seriam os das avenidas Amaral Gurgel, Duque de Caxias, Tiradentes e Senador Queiroz.
Segundo a polícia, os ladrões são crianças e adolescentes que usam cacos de vidro, pedras, estiletes e facas. Eles atacariam suas vítimas ameaçando quebrar o pára-brisa e cortar o rosto dos motoristas.

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