São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Inner Circle faz o melhor show

Cerca de 35 mil pessoas foram ao Ibirapuera

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

A noite foi do Inner Circle. Em seis horas e meia de show (tempo que durou a maratona do reggae em SP), a banda foi a única que teve o domínio total da platéia.
O público -cerca de 35 mil pessoas, segundo a Polícia Militar- não decepcionou. Lotando arquibancada e pista, mostrava uma animação invejável, mesmo às 3h15 da manhã.
Foi essa platéia que detectou o maior problema do festival: a falta de timing dos organizadores.
Abrir com Lucky Dube, com o público ainda disperso, foi um erro. Fechar com o Olodum, sem poder de fogo para estádios (pelo menos em São Paulo), foi pior.
O público estava chegando quando Lucky Dube entrou no palco, às 19h45. Seu bom show provocou uma reação leve na platéia. Não chegou a aquecer.
A moçada só caiu mesmo no reggae com "Get Together", hit do Big Mountain. A banda californiana usou e abusou da demagogia ("Garota de Ipanema" etc.), mas fez um show frouxo.
A simpatia de Quino, o vocalista, não conseguiu resgatar do tédio a indigesta versão de "Baby I Love Your Way", de Peter Frampton, e o reggae com chantilly praticado pelo grupo.
O Inner Circle foi a terceira atração da noite -mas deveria ter sido a última. Longe da diluição dos colegas californianos, mostrou um reggae-soul-pop de primeira qualidade.
Com 18 anos de estrada e muitos hits na manga -entre eles, "Sweat (A La La La Song)" e "Bad Boys"-, fizeram o que quiseram com a platéia, que foi dos pulos aos isqueiros.
O mérito vai para Chris Benteley, um showman que conduziu a apresentação com seu vocal soul e dança provocante.
Daí para frente, foi uma descida só. Ziggy Marley jogou um balde de água fria no público.
Só mostrou sinais de recuperação ao se apropriar da lenda paterna, tocando "No Woman No Cry" e "I Shot the Sheriff".
Metade do público já havia ido embora quando o Olodum empunhou seus tambores, às 2h05.
Em vez de acordar os "reggaeiros" com seus hits, o grupo baiano esticou canções menos conhecidas à exaustão.
No final, pouca gente arrumou energia para a coreografia de "Requebra". Um desperdício.

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