São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Clinton evita falar em Estado palestino

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, fez elogios a Iasser Arafat ontem na Casa Branca, mas se recusou a assumir posição pública sobre a possibilidade de formação de um Estado palestino.
No próximo domingo começam as negociações finais entre Israel e a Autoridade Palestina, presidida por Arafat, sobre a transferência definitiva do poder nos territórios da Cisjordânia e da faixa de Gaza, ocupados por Israel durante 28 anos, aos palestinos.
Arafat esperava obter de Clinton apoio para sua aspiração de acelerar o processo de criação do Estado palestino naqueles territórios e instalar sua capital em Jerusalém.
Mas o máximo que obteve foi a neutralidade do presidente norte-americano, que declarou a jornalistas após o encontro: "Não creio que os EUA devam se meter em decisões que devem ser tomadas pelas partes envolvidas".
Mas Clinton se absteve de repetir as tradicionais posições dos EUA contra o Estado palestino e favoráveis ao reconhecimento internacional de Jerusalém como capital israelense.
Além disso, o presidente norte-americano também se esmerou na saudação a Arafat. Afirmou estar "deliciado" com a chance de se encontrar com o líder palestino, a quem cumprimentou por ter agido "sob difíceis circunstâncias" ao eliminar, na sexta-feira passada, o artigo do estatuto da OLP que previa a extinção de Israel.
Foi a primeira visita de Arafat a Washington na condição de presidente da Autoridade Palestina e a primeira vez que ele teve reunião de trabalho a sós com um presidente dos EUA. Nas outras duas vezes em que Arafat esteve na Casa Branca, ele participou de solenidades de assinaturas de acordos de paz com Israel.
O encontro durou 45 minutos e, ao final, os dois falaram brevemente com jornalistas. Arafat disse contar com o compromisso de Clinton de "trabalhar mais e mais para fazer avançar o processo de paz no Oriente Médio".
Na terça-feira à noite, Arafat se reuniu num hotel em Washington com o premiê israelense, Shimon Peres, a quem pediu que Israel cancele as restrições à locomoção de palestinos de Gaza e Cisjordânia a Israel, onde têm empregos. As restrições foram adotadas após os recentes atentados terroristas contra Israel.
Dinheiro
Arafat também se encontrou ontem com o presidente do Banco Mundial, James Wolfenshon, para solicitar pressa na liberação de recursos prometidos pela comunidade internacional à Autoridade Palestina.
Quando Israel e OLP assinaram seu acordo de paz em 1993, a comunidade internacional prometeu US$ 2,1 bilhões para a tarefa de organizar a Autoridade Palestina na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
Arafat disse estar precisando desse dinheiro, do qual só pequena parcela foi liberada, para lidar com problemas sociais, entre os quais o desemprego de 120 mil pessoas.

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