São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Guerra civil de seis anos opõe três grupos

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Em seis anos de guerra civil na Libéria, a primeira república da África, fundada em 1847 por escravos americanos libertados, já foram feitos 13 "acordos de paz". Nenhum deles funcionou. O último, assinado em agosto do ano passado, foi bancado pela Nigéria, potência regional que mandou tropas à Libéria com mandato da Organização da Unidade Africana e da Comunidade Econômica da África Ocidental. "Agora vai funcionar, os signatários são homens com armas e os únicos em condições de fazer alguma coisa", disse em Monróvia, capital liberiana, um diplomata dos Estados Unidos, logo depois do último acordo.
Os "homens com armas", verdadeiros "senhores da guerra" com exércitos privados, são Charles Taylor, da Frente Patriótica Nacional, George Boley, do Conselho de Paz da Libéria, e Alhaji Kromah, da Frente Unida de Libertação. Mas o compromisso assumido por eles tampouco deu em alguma coisa e a guerra civil, que já matou mais de 150 mil e transformou em refugiados a maior parte dos 2,5 milhões de habitantes do país, foi em frente. Uma presidência coletiva de seis membros deveria tornar-se "governo de transição" e levar o país a eleições.
O mais agressivo é Taylor, que em 1990, depois do assassinato do ditador Samuel Doe, quase tomou o palácio presidencial. Foi impedido pelas tropas da Nigéria, com as quais entrou em combate dois anos depois. Taylor foi o que mais hesitou em aceitar a mediação nigeriana e seus projetos personalistas acabaram destruindo mais um acordo. A Libéria é rica em diamantes e pedras preciosas e há suspeitas de que está aí o maior interesse dos militares no poder na Nigéria. São tantas ambições que a Libéria há seis anos não consegue ter nem um arremedo de governo.

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