São Paulo, quinta-feira, 2 de maio de 1996
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Alemães protestam contra cortes sociais

IMRE KARACS
DO "THE INDEPENDENT", EM DORTMUND

Milhares de trabalhadores alemães aproveitaram o Dia do Trabalho para protestar contra os cortes no sistema de seguridade social e mudanças na legislação trabalhista propostos pelo governo.
A maior manifestação ocorreu em Berlim, onde se reuniram 20 mil pessoas. O comparecimento, porém, foi menor que o esperado.
Muitos trabalhadores não atenderam à convocação e preferiram aproveitar o feriado de sol.
As manifestações também foram ofuscadas por um confronto entre radicais de esquerda e policiais em bairros operários no lado leste de Berlim. O choque deixou 23 policiais feridos.
Impasse
O plano do governo prevê a redução dos custos trabalhistas do país, os mais altos do mundo. Também estão previstos cortes em aposentadorias e modificação de leis que dificultam demissões.
O governo afirma que as medidas são necessárias para diminuir o desemprego e o déficit público.
As negociações entre o governo e empregadores fracassaram na semana passada, quando o chanceler Helmut Kohl anunciou o pacote de medidas e cortes na seguridade social para liberalizar o mercado de trabalho.
Em Dortmund, apenas 5.000 se reuniram para ouvir o líder mais carismático do movimento sindical alemão, Klaus Zwickel, presidente da IG-Metall, a federação alemã dos metalúrgicos, que tem 3 milhões de filiados.
"Não vamos deixar que acabem com os direitos dos fracos. A hora de negociar já acabou, agora é hora de entrar em ação", disse.
No ano passado, Zwickel conseguiu um polpudo aumento salarial para os metalúrgicos, depois de uma greve, mas a seguir começou a funcionar como voz moderadora no movimento sindical.
Mas a "Aliança por Empregos" que ele propôs, um pacto com entidades patronais e governo que prometia congelar os salários em troca da promessa de criação de mais empregos, foi desmontada pelo pacote de Kohl.
Em consequência disso, Zwickel e outros dirigentes sindicais ameaçam desencadear uma onda de greves no verão. "Esse pacote de economias não é um programa de crescimento e emprego. É um programa de crueldade social", disse Dieter Schulte, presidente da Federação Sindical Alemã.
O clima de insegurança econômica e as estatísticas cada vez piores relativas ao desemprego acabaram forçando muitos trabalhadores à submissão. É essa a mensagem que chega do Ruhr, de Berlim e até mesmo de Bremen, onde milhares de trabalhadores perderam seus empregos ontem quando a Bremer Vulkan, o maior estaleiro do país, entrou em liquidação.

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