São Paulo, sexta-feira, 3 de maio de 1996
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Recordista faz aposta em cubanos

Rio abriga GP amanhã

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Cuba obterá na Olimpíada de Atlanta melhores resultados do que nos Jogos de Barcelona, em 92, apesar das dificuldades causadas pelo bloqueio econômico imposto pelos EUA.
A afirmação foi feita ontem, no Rio de Janeiro, pelo recordista mundial de salto em altura (com 2,45 m), o atleta cubano Javier Sotomayor, 33.
Ele participará amanhã da 12ª edição do GP Brasil de Atletismo, no estádio Célio de Barros, no complexo do Maracanã (Rio).
Nos Jogos de Barcelona, Cuba ganhou 14 medalhas de ouro, 6 de prata e 11 de bronze.
Dificuldades
O fim da ajuda financeira da extinta União Soviética e a manutenção do bloqueio norte-americano estrangularam a economia cubana, onde o Estado controla a maioria dos meios de produção.
"Não é só o esporte que enfrenta dificuldades, mas tudo no país", disse Sotomayor.
O sucesso internacional de competidores como ele tem contribuído para financiar o programa de atletismo em Cuba.
"Uma parte de tudo o que ganho em prêmios, cachês e patrocínios pessoais entrego para a federação de atletismo investir no esporte."
Sotomayor é emblema do programa de disseminação do esporte em Cuba, fenômeno esportivo mundial apesar de o país ter cerca de 11 milhões de habitantes.
Até hoje, a ilha conquistou 37 medalhas olímpicas de ouro, a maioria a partir da década de 70. O Brasil obteve nove ouros.
A carreira
Aos 10 anos, Sotomayor destacou-se nas competições escolares.
Passou a competir em cinco provas de atletismo.
Aos 14, impressionados com os resultados, os técnicos decidiram que o atleta se dedicaria ao salto em altura.
Campeão nos Jogos de Barcelona, ele disse ontem "sentir-se bem psicologicamente em Cuba".
Muitos cubanos de projeção mundial, como bailarinos, têm abandonado o país em busca de melhores de condições de vida.
Sotomayor integra uma casta no país que não é obrigada a se submeter a restrições como racionamento de alimentos.
Ele tem e usa em Havana um carro alemão Mercedes-Benz, prêmio pela vitória no Campeonato Mundial de 93.
Cuba é um dos últimos países do mundo que se dizem socialistas. Para Javier Sotomayor, haverá "gosto especial" em cada medalha obtida nos Estados Unidos.
"Mas uma medalha olímpica é importante em qualquer lugar."
Ele disse que o cubano Ivan Pedroso, campeão mundial em salto em distância, estará recuperado de cirurgia numa perna a tempo de competir em Atlanta.

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