São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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FHC tenta usar social contra pessimismo

REINALDO AZEVEDO; SÔNIA MOSSRI; MARTA SALOMON; DENISE MADUEÑO

REINALDO AZEVEDO
Coordenador de Política da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu anteontem intelectuais e membros do primeiro escalão do governo para combater o pessimismo e destacar o empenho do governo na área social.
O "seminário acadêmico", como definiu o ministro da Cultura, Francisco Weffort, começou às 9h30, no Palácio da Alvorada, regado a laranjada e água de coco.
Os interlocutores ouviram de FHC uma explanação sobre a economia mundial, a volatilidade do capital internacional e o desemprego estrutural (decorrente do desenvolvimento tecnológico) que toma conta dos países capitalistas.
O presidente avalia que é esse desemprego que vem ganhando relevância nos levantamentos feitos no Brasil e que parte dos desempregados pela tecnologia passam a ser autônomos do setor informal.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a taxa de desemprego em março, na região metropolitana de São Paulo -7,65%-, é a mais alta desde maio de 1984 -7,95%.
FHC avalia que há um clima de pessimismo inflado artificialmente. No encontro, o presidente lembrou que a entrada no segundo ano de estabilidade do Real é a grande conquista do país num cenário internacional inóspito.
O governo continua avaliando que a inflação sob controle é a grande conquista da gestão FHC e que isso assegura melhores condições de vida à população pobre.
Sobre os caminhos do Real e da política econômica, o presidente reafirmou o que já dissera a economistas e consultores na quinta-feira passada. A estabilidade será assegurada a qualquer custo.
De uma platéia formada por intelectuais amigos, FHC ouviu questionamentos sobre ações concretas na área social para diminuir os efeitos do ajuste.
O governo estuda uma forma de dar visibilidade a ações da área social que, no seu entendimento, compensam os efeitos do ajuste da economia levado a efeito até agora.
FHC não pensa em nenhuma medida que resulte estouro no caixa. Todo esforço será feito no sentido de assegurar os investimentos previstos no Orçamento de 96.
Deve caber ao assessor especial Vilmar Farias dar aos programas sociais um sentido de conjunto. É com eles que FHC pretende combater o pessimismo. Hoje, após se encontrar com o Comunidade Solidária, FHC vai anunciar diretrizes sociais do governo. Ontem, domingo, Farias estava trabalhando.

Colaboraram Sônia Mossri, Marta Salomon e Denise Madueño, da Sucursal de Brasília

Participaram do encontro a primeira-dama Ruth Cardoso, os ministros Paulo Paiva (Trabalho), Francisco Weffort (Cultura) e Gustavo Krause (Meio Ambiente), o embaixador Gelson Fonseca, Andrea Calabi, Aspásia Camargo, Fabio Wanderlei Reis. Gilberto Dupas, Gilberto Velho, João Paulo dos Reis Velloso, José Álvaro Moisés, Leôncio Martins Rodrigues, Luciano Martins, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Octaviano de Fiori, Roberto da Matta, Vilmar Farias, Milton Seligman, Valter Pecly Moreira e Clarissa Álvares.

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