São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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Despoluição do Tietê vai atrasar 2 anos

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A primeira fase do projeto de despoluição do rio Tietê vai terminar com, no mínimo, dois anos de atraso. Com conclusão prevista inicialmente dezembro de 96, a primeira etapa só deve ser concluída em dezembro de 98.
As previsões são da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), uma das responsáveis pela execução do projeto.
Na semana passada, começaram as primeiras obras de maior porte dentro do Projeto Tietê no governo Covas.
Teve início a construção de dois interceptores que vão levar o esgoto dos coletores à Estação de Tratamento de São Miguel, na zona leste de São Paulo. Um dos interceptores, orçado em R$ 17 milhões, terá cerca de 6 km de extensão. O outro (de R$ 12 milhões) será de aproximadamente 3 km.
Financiamento
As obras de despoluição do Tietê -cujos primeiros projetos foram feitos em 92, junto com um acordo de financiamento firmado com o Banco Inter-Americano de Desenvolvimento- estavam praticamente suspensas desde dezembro de 94.
O principal problema era justamente a falta de recursos da Sabesp. O financiamento do projeto, de R$ 900 milhões, prevê que metade do investimento seja da Sabesp e a outra metade do BID.
Com problemas de caixa no segundo semestre de 94, a Sabesp não conseguia dar sua contrapartida ao projeto, o que provocou a suspensão dos repasses do banco.
Segundo o atual presidente da Sabesp, Ariovaldo Carmignani, a direção anterior da empresa, ainda no governo Fleury, teria errado na administração de recursos e na prioridade das obras do projeto.
"Em 94, a Sabesp fechou o ano com prejuízo de R$ 214 milhões e dívidas vencidas de R$ 600 milhões. No Projeto Tietê, foram priorizadas as obras de grande porte, como estações de tratamento. Mas sem redes coletoras, coletores-tronco e interceptores, não adianta haver estação de tratamento, porque o esgoto não vai chegar até elas", diz Carmignani.
José Fernando Boucinhas, secretário de Recursos Hídricos e coordenador do Projeto Tietê na administração Fleury, nega os erros e afirma que "o Projeto Tietê deixou de ser um plano de governo na atual administração" (leia texto).
Renegociação
O atual presidente da Sabesp diz que, no início de 95, a empresa iniciou o saneamento de suas finanças, o que possibilitou um lucro de R$ 26 milhões no ano e a renegociação com o BID para a retomada das obras.
"Conseguimos, por exemplo, que nos 18 meses seguintes ao acordo de maio de 95, o banco entre com dois terços dos recursos para o projeto e a Sabesp com o restante. Com o tempo, essa proporção vai se inverter até o final das obras", afirma Carmignani.

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