São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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Meta era realista, diz Boucinhas

DA REPORTAGEM LOCAL

José Fernando Boucinhas, 52, responsável pelo Projeto Tietê no governo Fleury, diz que a principal mudança no programa de despoluição do rio na administração Covas é que ele "deixou de ser uma prioridade de governo".
"No nosso programa de governo, tínhamos um projeto de tratamento de esgotos industriais, com financiamento japonês, além de um programa de educação ambiental, com grandes progressos."
Ele reconhece que houve problemas, em especial no segundo semestre de 94, com as obras de tratamento de esgoto.
"Com o Plano Real, houve dificuldades na conversão dos valores dos contratos para a nova moeda. Os empreiteiros não aceitavam as regras do governo federal." Boucinhas afirma que também houve problema com a conversão de tarifas, "que ficaram defasadas".
Segundo o ex-secretário, "o reajuste de 40% nas tarifas da Sabesp no meio do ano passado é o principal fator do saneamento financeiro da empresa".
Segundo ele, a meta inicial era despoluir 50% do rio até dezembro de 94. "Era uma meta exequível, desde que as obras lineares (de redes, coletores e interceptores), corressem paralelamente às das estações de tratamento."
Ele afirma que houve problemas com uma licitação para fornecimento de equipamentos, que dependia de R$ 70 milhões do governo francês. "A licitação acabou sendo cancelada, o que também prejudicou as obras."
Corporativismo
Boucinhas também atribuiu parte das dificuldades ao que ele chama de "corporativismo de um grupo executivo da Sabesp", que teria inclusive pressionado pelo cancelamento da licitação.
Ele diz ainda que a definição de 98 como prazo para encerramento das obras pela atual administração teria caráter político. "Será um ano eleitoral. É possível realizar essas obras em um ano."
Segundo Boucinhas, investimentos japoneses que estavam previstos em obras que beneficiariam o Tietê não são computados pela atual gestão.
"São R$ 500 milhões previstos para a canalização do rio Cabuçu, na divisa de São Paulo com Guarulhos. É uma obra importante para assentar coletores-tronco e para prevenir enchentes na zona norte. Os recursos também são previstos para o aprofundamento da calha do Tietê."

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