São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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Réu faz nova acareação antes de ir a júri

CRISTINA RIGITANO
PAULO CÉSAR CASTRO

CRISTINA RIGITANO; PAULO CÉSAR CASTRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Jurandir França, denunciado por PMs como um envolvido na chacina, negou sua participação no crime

O delegado Jorge Serra, da DDV (Divisão de Defesa da Vida), que investiga a chacina da Candelária, fará uma acareação hoje, às 15h, entre os soldados Sérgio Cerqueira Borges e Hélio Vilário Guedes e o serralheiro Jurandir Gomes de França, um dos réus do processo, que será julgado no dia 27 de maio.
Os soldados Borges e Guedes afirmam ter ouvido o serralheiro França confessar sua participação na chacina da Candelária, dia 23 de julho de 1993.
Segundo os dois soldados -acusados de envolvimento na chacina de Vigário Geral, em agosto de 1993-, Jurandir teria admitido o seu envolvimento na morte de oito menores durante uma conversa na carceragem da Polinter (centro do Rio) no ano passado.
Jurandir foi reinquirido anteontem à tarde por Serra e negou novamente a suposta confissão. Por isso, hoje haverá a acareação.
Na suposta confissão, Jurandir teria dito que, além dele, teriam participado da chacina o ex-PM Maurício da Conceição, o "Sexta-feira 13", o PM identificado como Fábio -ambos mortos em 1994 -, os réus confessos Marco Aurélio Alcântara, Nelson Cunha e Marcos Vinícius Borges Emmanuel e o ex-PM Carlos Jorge Liaffa.
Liaffa, que nega ter participado da chacina, foi o único apontado na semana passada pela testemunha Wagner dos Santos durante uma sessão de reconhecimento.
Casal
O delegado Jorge Serra tentará encontrar também hoje o casal que teria visto os policiais envolvidos no crime lavando o carro usado na noite de 23 de julho.
O nome do casal surgiu na sexta-feira, quando o soldado da PM Marcos Aurélio Alcântara confessou sua participação na chacina.
Em depoimento, Alcântara disse que os dois teriam visto os quatro policiais -ele, Nelson Cunha, Marcos Vinícius Borges Emmanuel e Maurício da Conceição, o "Sexta-Feira 13"- lavando o sangue do Chevette usado na chacina.
O casal seria vizinho de Emmanuel -condenado na semana passada a 309 anos de prisão por sua participação no crime. Eles estariam na janela de sua casa, na rua Cândido de Oliveira (no Rio Comprido, zona norte), quando os quatro chegaram.
A existência de uma testemunha já havia sido anunciada pelo coronel da PM Valmir Brum, responsável pela apuração da chacina, em seu depoimento durante o julgamento de Emmanuel.
Brum disse que havia chegado aos envolvidos a partir da denúncia de um vizinho de Emmanuel, que teria visto a lavagem do carro.
Serra pretende convocar o casal para prestar depoimento ainda hoje.

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