São Paulo, segunda-feira, 6 de maio de 1996
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RFFSA desativa em junho trem de passageiros no MS

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O trem de passageiros da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil vai desaparecer definitivamente no mês que vem, após 90 anos de operação.
A RFFSA (Rede Ferroviária Federal) desativa no dia 2 de junho a última linha de passageiros do trem ainda em operação, entre Campo Grande (MS) e Ponta Porã (MS, na fronteira com o Paraguai), com 303 km de extensão.
O anúncio da desativação foi feito em Bauru (SP) pelo superintendente da ferrovia, Antônio Grillo Neto. Segundo ele, o trem será extinto devido à falta de segurança.
"Os trilhos e os dormentes não oferecem segurança para os passageiros", afirmou Grillo Neto. O trem de cargas na mesma linha será mantido.
Outro motivo para a extinção do trem de passageiros é a transferência da SR-10 (Superintendência Regional 10, antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil), da RFFSA, para o consórcio norte-americano Noel Group Inc., que arrendou a ferrovia por 30 anos.
O grupo norte-americano não tem interesse, por enquanto, em manter o transporte de passageiros, mas apenas o de cargas. As linhas da SR-10 ligam Bauru (SP) a Corumbá (MS) e a Ponta Porã, numa extensão total de 1.300 km.
Em janeiro de 93, a RFFSA desativou o primeiro trecho do trem de passageiros, entre Bauru e Campo Grande. Em fevereiro de 95, foi desativado o trem de passageiros entre Campo Grande e Corumbá, que atravessava o Pantanal e era muito procurado por turistas.
Para o chefe de gabinete da Prefeitura de Maracaju (MS), Waldemir Farias, 41, o fim da linha de passageiros é "uma triste notícia".
"Nossa cidade nasceu por causa do trem e vai ficar mais pobre sem a linha de passageiros", disse.
A prefeitura distribui cerca de 50 passagens por semana para desempregados. A viagem por trem, que dura 14 horas, custa R$ 6,50 (1ª classe) e R$ 4,55 (2ª classe). A mesma viagem, de ônibus (cinco horas e meia), custa R$ 15,20 (convencional) e R$ 24,10 (executivo).

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