São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vendas reagem e indicam recuperação na Agrishow

Securitização das dívidas anima produtor a renovar frota

FELIPE MIURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A Agrishow 96, feira de máquinas e insumos agrícolas, encerrada no último sábado em Ribeirão Preto (SP), gerou cerca de R$ 500 milhões em vendas, segundo levantamento preliminar de seus promotores.
Esse resultado é 150% superior ao obtido na feira do ano passado, realizada em maio, em meio à crise agrícola.
A securitização das dívidas dos agricultores impulsionou as vendas da feira.
"É o balão de oxigênio que a agricultura precisava", afirma Roberto Rodrigues, presidente do conselho diretor da Agrishow.
A alta mundial das cotações dos grãos, devido aos baixos estoques mundiais, é outro fator que vai levar o produtor a investir em maquinário, segundo Rodrigues.
Na abertura da feira, Edivaldo Pinheiro, produtor de grãos e hortaliças de Guaíra (SP), assinou um contrato de securitização de sua dívida de R$ 200 mil como ato simbólico de inauguração da feira.
"O agricultor que aderiu ao programa de securitização pode procurar as agências do Banco do Brasil que vai sair com o contrato", diz Ricardo Conceição, diretor de crédito rural do Banco do Brasil (BB).
"A possibilidade de retomar crédito com a securitização das dívidas vai estimular a renovação de máquinas, mas não é o suficiente para modernizar a frota", diz Sérgio Magalhães, presidente da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas).
Financiamento
O volume de vendas de máquinas agrícolas em 95 foi 54% menor sobre o de 94. Este ano, segundo Magalhães, haverá recuperação, mas as fontes de financiamento tradicionais devem limitar o crescimento.
Magalhães reclama dos custos da Finame Rural, principal linha de crédito do setor, cujos juros anuais devem alcançar 22%.
Alessandro Pulisi, diretor da New Holland, empresa de tratores e colheitadeiras, atribui o sucesso da feira ao crédito diferenciado.
A New Holland negociou perto de 200 unidades na Agrishow, a juros anuais fixos de 12%, mais variação cambial, com prazo de cinco anos de pagamento.
A JI Case do Brasil, fábrica que ingressou recentemente no mercado brasileiro, vendeu nos quatro primeiros dias da feira seis colheitadeiras de algodão modelo 2155.

Texto Anterior: Plano prevê produtividade 30% maior
Próximo Texto: Cadeia do trigo quer definir nova política
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.