São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Comissão interdita terreno do DNER

Área abrigaria cemitério

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ

A Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça decidiu na noite de ontem interditar, com base na lei 9.140, o DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) de Marabá (PA), onde há um suposto cemitério clandestino de militantes do PC do B mortos durante a guerrilha do Araguaia.
A decisão foi tomada às 21h20, após depoimento de Manoel de Lima, 57, conhecido como Vanu, ex-guia do Exército. A interdição atinge parte do pátio do DNER.
O assessor da comissão Cristiano Morini disse que a responsabilidade pela não-violação do susposto cemitério será da Superintendência da Polícia Federal do Pará e da Secretaria de Segurança Pública.
O DNER do Pará funcionou durante a guerrilha do Araguaia, de 72 a 74, como centro de operações das Forças Armadas. Estima-se que morreram 59 militantes do PC do B, 20 camponeses que se aliaram a eles e cerca de 20 militares durante os confrontos.
Segundo testemunhas, os guerrilheiros eram identificados e torturados no centro de operações. Até hoje, o prédio guarda resquícios da época. Um pavilhão com oito celas mantém grades e cadeados, apesar de o prédio ser utilizado hoje como depósito do DNER.
Hoje pela manhã, a comissão, com a ajuda de Vanu, vai demarcar a área do suposto cemitério.
Ação correta
O general do Exército Adalberto Bueno da Cruz, 56, disse ontem que a ação dos militares contra a guerrilha do Araguaia foi acertada.
O general comanda 3.500 homens da Brigada de Infantaria da Selva, que atua na região.
"Ao combater os guerrilheiros, o Exército mostrou que estava 20 anos na frente. O comunismo desmoronou em todo o mundo. Só existe em Cuba e na China, países que, por insistir no sistema, estão em profundas dificuldades", disse.
"Não é obrigação nossa ajudar (a comissão), pois o problema é do Ministério da Justiça", afirmou.

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