São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prefeitura inicia a retirada de 1.800 famílias em Santo André

Moradores põem fogo em barracos e fazem passeata

CLAUDIA VARELLA
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

Dez oficiais de Justiça, junto com cerca de 250 policiais militares, iniciaram ontem a desocupação de um terreno na avenida do Estado, em Santo André (Grande SP).
O Núcleo Residencial Guaratinguetá é uma área particular com 210 mil m². Estavam no local 1.800 famílias.
A área foi ocupada há oito meses. Na retirada, houve pequenos tumultos, mas não confronto.
O comandante da operação de despejo, capitão José Farina Quessada, disse que a polícia estava no local desarmada "para que não aconteça em Santo André o mesmo que aconteceu no Pará", referindo-se ao massacre de 19 sem-terra durante conflito com a PM em Eldorado do Carajás.
Ele disse, no entanto, que 46 sargentos e oficiais da PM estavam armados com revólveres.
Alguns moradores chegaram a colocar fogo nos próprios barracos como protesto. A reintegração de posse foi concedida pelo juiz da 5ª Vara Civil de Santo André, João Antunes dos Santos Neto.
A operação de retirada das famílias começou antes das 7h de ontem e foi interrompida às 18h. O reinício da operação está previsto para hoje, às 6h.
Além da PM, estavam presentes duas equipes médicas, dez carros do Corpo de Bombeiros, 120 funcionários da prefeitura e 30 caminhões para retirar os móveis.
Uma comissão dos moradores saiu em passeata às 14h de ontem até o Paço Municipal de Santo André. No final da tarde, o prefeito de Santo André, Newton da Costa Brandão (PTB), reuniu-se com moradores, mas se recusou a receber a imprensa.

Texto Anterior: Plano de Ação não ficará pronto até o Habitat 2
Próximo Texto: Polícia retira 1.800 famílias de sem-teto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.