São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Estréia de novelas desencadeia o fim do mundo

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Alô, você aí, maníaco da telenovela! Você, que chorou com Francisco Cuoco em "Selva de Pedra"; que se esbaldou de rir com Fernanda Montenegro em "Guerra dos Sexos"; que vibrou com Glória Pires em "Vale Tudo": o fim do mundo chegou!
Que ano 2000, que nada! O mundo começou a desmoronar segunda, com "Colégio Brasil", primeira das quatro novelas que estrearam nesta semana.
Onde é que o Roberto Talma achou tantos talentos mirins, como aquela ruivinha, séria candidata, escrevam, a hiper-tireóideana do 3º milênio?
Mas a novela tem seus pontos altos. O som é de cinema. Cinema brasileiro. Ninguém ouve as falas de Taumaturgo Ferreira, em papel escrito sob medida para ele: o de xarope do pedaço. Ponto para Roberto Talma. Casting de primeira!
A segunda novela lançada pelo SBT, "Antonio Alves, Taxista", é uma viagem pelo trem da morte. Deixa a coxa bamba e é uma Titicaca! O cenário é "Chaves" total, os diálogos são letras de tango e o penteado do Fábio Jr. reúne na mesma cabeça o look do Valderrama e as madeixas de torcedor do River Plate. Será possível que ninguém no set tenha um pente para emprestar ao galã?
Alô, Mercosul! Já não bastava a revista "Caras"? Agora também temos de aturar Buenos Aires fingindo ser Sampa? No final do capítulo, Guilhermina Guinle Jr., mulher de Fábio Jr. na vida real, se atira do táxi. E, em seguida, sem break para o comercial, aparece a vinheta da próxima novela: "Razão de Viver". Ué? A Guilhermina querendo morrer e eles põem lá: "Razão de Viver"?
A Joanna Fomm disse que baseou seu papel em "Razão de Viver" no Ney Latorraca. Só que o papel dela é de chata neurótica. Não sabia que a Joanna tinha o Latorraca em tão alto conceito...
E os curativos da Adriana Esteves depois do acidente de táxi? Hospital tapuia anda pela hora da morte, mas atadura em cima de rasgo do suéter?
No meio da maratona do SBT, ligo na Globo para ver a estréia de "Fim do Mundo", novela do viúvo de Janete Clair, Dias Gomes, de quem Nelson Rodrigues dizia: "Ele não é nem mesmo o melhor autor dentro da casa dele".
E dou de cara com a Bruna Lombardi: "Sou fiel a ele desde o dia que casamos". Ah, não! Overdose de ficção, só jogando o aparelho de TV pela janela!

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