São Paulo, quarta-feira, 8 de maio de 1996
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Franceses dominam mostras

DO ENVIADO ESPECIAL

Vistas em conjunto, as mostras paralelas de Cannes-96 apresentam forte sotaque francês. A principal retrospectiva, "Cinema de Sempre" (Cinema de Toujours), é dedicado à produção francesa de 1970 para cá. Todo um ciclo, "Cinema da França", destaca as novas revelações, em sete longas e quatro curtas.
É também francês o filme de encerramento do principal programa oficial não-competitivo, "Um Certo Olhar" (Un Certain Regard). O veterano Eric Rohmer escolheu Cannes para lançar o terceiro movimento de seus delicados contos de estação. Depois da primavera e do inverno é a vez do "Conto de Verão".
Quebrando a regra, a seleção de "Um Certo Olhar" (vinte filmes) supera em atrações a da mais tradicional "Quinzena dos Realizadores" (dezessete). Entre os destaques do primeiro ciclo estarão os novos filmes de Peter Greenaway ("The Pillow Book"/O Livro de Cabeceira), Alain Tanner ("Fourbi") e Krzysztof Zanussi ("Cwal"/O Grande Galope). São obrigatórias também as estréias atrás das câmeras de Al Pacino ("Looking For Richard"/Procurando Richard) e Anjelica Huston ("Bastard Out of Carolina"/Bastardo Fora da Carolina).
Já a "Quinzena" preferiu apostar na descoberta de jovens diretores (Hettie Macdonald, o ator Steve Buscemi, Jean-Pierre and Luc Dardenne) ou em novos lances de talentos recém-revelados (Michael Winterbottom, Takeshi Kitano, Nana Djordjadze). O grande homenageado é o americano Arthur Penn ("Bonny and Clyde"), que encerra a mostra com "Inside".
Nenhum nome conhecido desponta da lista de sete longas selecionados para a Semana Internacional da Crítica. Se lembrarmos que foi lá a descoberta de "Denise Está Chamando", entende-se por que vale a pena arriscar. Para o leitor carioca, uma boa notícia: pela segunda vez consecutiva o Rio Cine Festival traz no final de julho o programa completo.
Também nas paralelas a presença latino-americana é apenas marginal. O argentino radicado na Holanda, Alejandro Agresti, apresenta seu "Buenos Aires Vice Versa" em "Um Certo Olhar". Maior atenção merece na "Quinzena" o colombiano "Édipo Alcaide" (Prefeito Édipo), rodado por Jorge Ali Triana a partir de um roteiro de Gabriel García Márquez. O filme adapta Sofocles para uma cidadela colombiana. (Amir Labaki)

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