São Paulo, sexta-feira, 10 de maio de 1996
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Ministério da Fazenda é cercado por mil grevistas

Cerca de 200 manifestantes cercaram o gabinete de Malan

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os funcionários públicos federais em greve invadiram ontem o Ministério da Fazenda para forçar uma negociação com o governo. Eles querem ser recebidos pelo ministro Pedro Malan e reivindicam um reajuste salarial de 46,19%.
No 5º andar do ministério, onde fica o gabinete de Malan, estavam mais de 200 pessoas. No lado de fora do prédio, segundo os organizadores da invasão, havia cerca de mil grevistas. A Polícia Militar não fez nenhuma avaliação.
No momento da invasão, por volta do meio-dia, Pedro Malan conversava com três técnicos do FMI (Fundo Monetário Nacional).
Eles saíram do prédio pela porta de incêndio. O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, que também estava no ministério, conseguiu deixar o prédio com a ajuda da PM. Malan preferiu permanecer no prédio.
Reação de FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse, por intermédio do porta-voz, Sergio Amaral, que o "remédio" para acabar com a invasão são "polícia e Justiça".
Segundo ele, FHC classificou a invasão de "atos absolutamente inaceitáveis numa democracia".
"Numa democracia as pessoas debatem, defendem os seus direitos mas não ocupam ministérios nem jogam pedras em carros".
Por volta das 19h30, policiais federais armados entraram no prédio com a missão de garantir a saída do ministro Pedro Malan.
O ministro José Serra (Planejamento) disse ontem que a ação dos grevistas é uma forma de pressão inidônea. Perguntado se o governo iria dar um reajuste, ele virou as costas para os jornalistas.
A invasão do Ministério da Fazenda seguiu uma estratégia de guerra. Com telefones celulares na mão, o comando da greve articulou os passos dos grevistas.
O grupo foi dividido em três comandos de ação. Um ficou encarregado da articulação na rua, outro da invasão do andar térreo do ministério e outro da invasão do gabinete do ministro Pedro Malan.
Desde às 7h de ontem, o grupo começou a infiltrar alguns servidores no prédio para saber da rotina do ministério. Às 12h25, os coordenadores se comunicaram e decidiram invadir o prédio porque a segurança estava desarticulada.
Mais de cem pessoas subiram as escadas para ocupar o 5º andar, onde fica o gabinete.
O contingente de PMs responsável pela segurança na Esplanada dos Ministérios, 63 homens, foi transferido para o ministério.
Até as 20h30 de ontem, Malan continuava no ministério.

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