São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Governo quer votar projeto da Câmara

Senado mudou texto de Bicudo

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), disse que o governo vai insistir no projeto original sobre o julgamento de policiais militares quando o projeto voltar à Câmara dos Deputados.
O texto foi alterado na noite de anteontem pelo Senado, mas a Câmara tem a palavra final sobre o assunto, porque o autor da proposta é um deputado.
O autor, Hélio Bicudo (PT-SP), classificou de "monstrengo" o texto aprovado pelo Senado.
Os líderes dos partidos governistas no Senado abrandaram o projeto. Na prática, quase nada muda no julgamento de crimes cometidos por militares.
Exclusão de 'abusos'
O substitutivo do senador Geraldo Mello (PSDB-RN) encaminha à Justiça comum apenas os crimes contra a vida -homicídio, infanticídio, aborto ou induzimento ao suicídio- e ainda quando ficar comprovado o dolo, ou seja, a intenção de cometer o crime.
Bicudo disse que o projeto do Senado exclui "abusos" cometidos por policiais militares, como espancamentos, sequestros, torturas, prisões ilegais e extorsão.
O texto será submetido a um turno suplementar de votação no Senado por tratar-se de substitutivo e, depois, volta à Câmara.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso continua a dar apoio ao texto original.
Reação
Deputados do PT, PMDB e até do PFL foram ao plenário do Senado para tentar convencer o líder do governo, Elcio Alvares (PFL-ES), a voltar atrás e apoiar o projeto de Bicudo.
"Como é que o governo vai anunciar seu Plano de Direitos Humanos na próxima segunda-feira com esse retrocesso? Que governo é esse, que apóia uma proposta na Câmara e libera seus líderes do Senado para agir contra o projeto?", perguntou o deputado José Genoino (PT-SP).
Genoino lembrou que o ministro da Justiça, Nelson Jobim, empenhou-se na aprovação do projeto pela Câmara dos Deputados e participou da redação final.
Geraldo Melo afirmou ter "ampliado" a proposta de Bicudo porque incluiu os militares das Forças Armadas.

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