São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Inquérito indicia 156 PMs no Pará

ESTANISLAU MARIA

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

Medida foi ato de prudência para que nenhum policial ficasse de fora

O presidente do IPM (Inquérito Policial Militar) que investiga o massacre de Eldorado do Carajás, coronel João Paulo Vieira, indiciou todos os policiais envolvidos na operação que resultou na morte de 19 sem-terra.
O relatório de 910 páginas entregue às 23h40 de anteontem à Comissão de Justiça da PM relaciona os 156 PMs dos grupamentos de Parauapebas e Marabá.
O coronel Vieira disse que, apesar do tempo curto para investigações -apenas 20 dias-, colheu elementos suficientes para afirmar que houve transgressão da disciplina militar e crimes descritos nas legislações penais comum e militar.
'Ato de prudência'
"A tipificação de cada crime é competência do Ministério Público. O relatório levantou muitos elementos para que o MP ofereça as denúncias", disse o coronel.
Segundo Vieira, o indiciamento dos 156 policiais foi também um ato de prudência para que nenhum possível culpado ficasse de fora.
"Não pudemos ouvir todo mundo. Com certeza faremos novas investigações agora na próxima fase", disse. "Quem não tiver culpa, o MP pode excluir do processo."
O presidente do inquérito não poupou os oficiais que atuaram na operação.
"O inquérito mostra que o coronel Pantoja não teve o devido cuidado na execução da missão e que também perdeu o controle da tropa. Não só ele, mas todos os oficiais que o acompanhavam", afirmou o coronel.
"Para a defesa, foi bom. O indiciamento de 156 pessoas pulveriza a culpa e as investigações", disse o advogado Américo Leal, que defende o coronel Pantoja e os outros 155 policiais.
Esquema de propinas
Sobre o suposto esquema de propinas entre fazendeiros e policiais denunciado por uma testemunha que se diz gerente de uma das fazendas, o IPM também não foi conclusivo.
A Auditoria Militar do Pará enviou carta precatória (documento que delega poderes entre órgãos de Justiça) à Justiça de Marabá para que 47 testemunhas sejam ouvidas por juízes locais. Elas não prestaram depoimento no IPM, cujo prazo se encerrou anteontem.

Colaborou Irineu Machado, da Agência Folha

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