São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Candidato preferiu Collor a Maluf em 1989

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Celso Pitta, embora vista a camisa do malufismo na sucessão paulistana, votou em Fernando Collor de Mello na eleição presidencial de 89. Pitta aposta que a eleição será polarizada entre ele e Luiza Erundina (PT). A seguir, os principais trechos da entrevista à Folha:
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Folha - Sua candidatura é apresentada basicamente como a de um fiel seguidor do prefeito Maluf? Um prefeito de São Paulo não precisa mais do que isso?
Celso Pitta - A interpretação é contrária a essa. Se fosse só isso, o candidato seria outro. Não faltam correligionários com tradição na área política e identificação com a figura do prefeito muito mais íntima do que a minha.
Folha - Mas hoje o sr. não dispõe de apoio expressivo no eleitorado. O que o sr. representa na eleição?
Pitta - Represento a continuidade da administração que tem um índice de aprovação de 81%.
Folha - Prejudica ou ajuda o fato de o sr. ser um técnico sem tradição política?
Pitta - É uma vantagem. O que o eleitorado procura é uma pessoa que não tenha ranço político, a imagem viciada que tanto é combatida modernamente.
Folha - Como o sr. se define politicamente?
Pitta - Me defino como um sujeito de competência administrativa e que vê a coisa pelo lado empresarial, o que fez o sucesso da nossa administração.
Folha - Mas o sr. concorre a um cargo acima de tudo político, não a gerente de uma empresa.
Pitta - Me alinho ao pensamento do PPB, do prefeito Paulo Maluf, no qual se encontram ex-chefes meus como os ex-ministros Roberto Campos e Delfim Netto.
Folha - Ser negro ajuda ou atrapalha na campanha?
Pitta - Vejo como uma vantagem. O presidente Fernando Henrique foi eleito declarando que tinha um pé na cozinha. Eu tenho os dois pés na cozinha. O eleitor não está preocupado com a questão racial. Ele quer saber de competência, currículo e honestidade.
Folha - O sr. já participou de atividades contra o racismo?
Pitta - Não. Nunca me envolvi com os movimentos político-partidário ou da comunidade negra. Faço parte de um grupo de estudos da USP que visa redimensionar a política de direitos civis para resgatar essa cidadania da comunidade negra.
Me considero um candidato da população de São Paulo, e não de uma facção.
Folha - PPB e PSDB são aliados federais. Como se sente disputando contra o PSDB?
Pitta - O eleitorado muitas vezes é contra muitos procedimentos de políticos do governo federal, como apoio a bancos falidos e o salário mínimo. Temos coisas em comum e divergências.
Folha - Qual é a importância de seu desempenho para os futuros planos eleitorais do prefeito?
Pitta - Vamos romper com a tradição de que o prefeito de São Paulo não faz o seu sucessor. Maluf irá se beneficiar disso na sucessão presidencial.
Folha - Quem o sr. acredita que será seu principal adversário?
Pitta - Acredito que a eleição ficará polarizada entre o PT e a nossa candidatura, e que o Rossi estará espremido aí.
Folha - Em quem o sr. votou nas duas últimas últimas eleições presidenciais?
Pitta - Votei no Collor no primeiro e no segundo turnos. Na última, votei no Fernando Henrique.

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