São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996![]() |
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Jornal amplia crise na direção partidária
CLÓVIS ROSSI
A crise é o reflexo fiel da disputa interna petista, nascida no Encontro Nacional do ano passado. Nele, as correntes ditas moderadas obtiveram precária maioria para compor a direção partidária. Os grupos mais à esquerda acabaram excluídos da Executiva Nacional, o organismo que de fato toma decisões, na qual reivindicavam a secretaria-geral. Maranhão, diretor do "Brasil Agora" indicado pelo antigo Diretório Nacional, pertence a um desses grupos. O número que está em circulação escancarou a crise interna envolvendo o jornal já a partir da capa, em que uma enorme tesoura, símbolo da censura, ilustra a reportagem que denuncia: "Por trás da crise financeira, há uma tentativa de tutelar o jornal". O editorial, assinado por Maranhão, é um ataque à cúpula do PT. Diz, por exemplo: "A grande verdade é que para a atual Executiva Nacional pouco importam as opiniões daqueles que não se identificam com o seu pensamento". Mais: "Vivemos um momento profundamente preocupante, onde a concepção autoritária da imprensa partidária dá a tônica da vida política petista". O editorial relata que Gilberto Carvalho, tesoureiro do partido, comunicou, no mês passado, que o "Brasil Agora" seria fechado. Para Maranhão, é o desfecho de uma série de pressões, que teriam incluído redução do repasse de verba do partido ao jornal e uma tentativa de censura, atribuída ao presidente nacional, José Dirceu. Dirceu, sempre na versão do jornal, teria mandado suspender a publicação de dois artigos, de tendências internas opostas, sobre a crise da composição da Executiva nascida do encontro de 1995. Que há uma crise financeira, ninguém discute. Tanto que o próprio texto do "Brasil Agora" informa que "os salários, fixados em cerca de 1/3 da média 'de mercado' calculada pelo Sindicato dos Jornalistas de S. Paulo, eram pagos com até três meses de atraso". Mas a direção petista nega a tentativa de censura. "É mentira", diz Cândido Vaccarezza, secretário-geral. Vaccarezza não nega, entretanto, a intenção de eventualmente fechar o jornal. "Não está decidido se vamos ou não fechar, mas o jornal é muito ruim, não forma opinião e não é respeitado pelos petistas", disse. Se houver o fechamento, possibilidade em discussão, o PT pretende criar uma outra publicação, diária, em conjunto com o PDT e o PSB. "Seria um jornal amplo, democrático", diz Vaccarezza. O dirigente chega a dizer que, no fundo, ele é o pivô da crise, posto que as correntes mais esquerdistas queriam ficar com a secretaria-geral, o segundo cargo mais importante no comando de um partido. Vaccarezza reagiu com dureza ao que chama de edição extra do "Brasil Agora": "É uma violência contra a democracia interna, uma agressão", diz. Para ele, "Bruno Maranhão fez uma edição do jornal, que é do partido, como se fosse dele". Nega também que tenha havido asfixia financeira da publicação. Confirma apenas o atraso, em dezembro, do repasse mensal de R$ 10 mil que o PT faz à publicação. Vaccarezza lamenta que o jornal tenha acumulado um "rombo imenso (acima de R$ 200 mil), sem dar retorno algum para o partido". Texto Anterior: Candidato preferiu Collor a Maluf em 1989 Próximo Texto: Meridional critica o Banco de Boston Índice |
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