São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996 |
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Recapturado é achado morto na cela
ROGERIO SCHLEGEL
A Secretaria da Administração Penitenciária, responsável pela Casa de Detenção e pelo COC, acredita que houve suicídio. O delegado que apura o caso, Marcos Antônio Caieiro, do 9º distrito policial, diz que "há todos os sinais de suicídio", mas que aguarda a perícia para "concluir com segurança". A secretaria informou ontem que o número correto de detentos que fugiram do Carandiru é 51, dos quais 48 continuam foragidos. Anteontem, a Detenção havia divulgado que 53 presos participaram da fuga, através de um túnel. Conversa interrompida Segundo o delegado Caieiro, o preso Francisco Santana e os outros dois fugitivos recapturados foram levados anteontem à noite para o COC -onde ficam matadores, alguns ex-policiais e presos em situações especiais, como os suspeitos de ser doentes mentais. Na manhã de hoje, Santana conversou, falando pela abertura na porta da cela, com Rodnei Nascimento, que estava na cela ao lado. Ele estaria angustiado e inquieto. "A descrição de Rodnei faz parecer que estava próximo de uma crise nervosa", conta o delegado. Por volta das 11h, os dois pararam de conversar. Às 12h30, um preso encarregado de distribuir roupas encontrou Santana morto na cela e chamou um agente penitenciário. Segundo o delegado Caieiro, Santana se enforcou usando um uniforme de preso como corda. Ele estava vestido quando foi encontrado. O preso teria prendido uma das pontas na janela do fundo da cela, a cerca de dois metros de altura, e a outra a seu pescoço. O delegado conta que seus pés chegavam a tocar no chão. "Ele pode ter dado o 'tranco' para se enforcar subindo na janela, mas só a perícia pode confirmar isso." A direção do COC diz ter encontrado um bilhete-testamento, escrito em papel higiênico, que teria sido deixado pelo detento. Segundo o delegado Caieiro, dos três recapturados Santana foi o único "que falou bastante", embora não tenha dito quem comandou a fuga ou deu ajuda externa. O secretário da Administração Penitenciária, José Benedito de Azevedo Marques, não foi encontrado após a divulgação da morte. Segundo sua assessoria, ele viajou ontem para local não revelado. Para Daniel Pereira da Cruz, assessor do secretário que esteve ontem no COC, não há dúvidas de que houve suicídio. LEIA MAIS sobre a fuga à pág.3 Próximo Texto: 'Não aguento sofrer pela minha mina' Índice |
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