São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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'Não aguento sofrer pela minha mina'

Preso teria deixado bilhete explicando morte
MALU GASPAR

MALU GASPAR; ROGÉRIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário dos outros recapturados, que após a fuga pretendiam reencontrar mulher e filhos, o assaltante de banco Francisco Gomes Santana, 18, se mostrava desanimado por não ter a quem reencontrar, além da mãe.
"Não sou casado, sou solteiro. Minha mina me abandonou, não quer mais nada comigo", disse em entrevista à Folha anteontem após ser recapturado.
No bilhete que, segundo a polícia, ele deixou, endereçado à família, aos amigos e à ex-companheira, ele cita a separação.
"Eu não sou covarde, apenas não estou mais aguentando sofrer pela minha mina", afirma um trecho. "Nega, eu quero que saiba que estou indo embora, mas eu ti (sic) amo. Ass. Chiquinho", diz outro. No texto, ele pede desculpas aos pais, por tê-los feito sofrer.
Santana foi o único dos fugitivos que afirmou ter planos de fugir de São Paulo, para o interior.
"Eu ia para casa, e de lá tinha uma chácara para ficar, um lugar da minha tia, em outra cidade."
Santana afirmava ser mais um dos que foram "no vácuo" dos organizadores da fuga.
Ele e Rodnei Hernandes, condenado a 60 anos de prisão por latrocínio, vieram para a Casa de Detenção transferidos da Penitenciária de Presidente Venceslau, presídio de regime fechado 635 km a oeste de São Paulo.
"Lá é muito longe para fazer contato com os presos daqui."
Condenado a prisão por 6 anos e 4 meses pelo artigo 157 do Código Penal (assalto), Santana disse inicialmente que havia cumprido um ano e meio da pena, e que ainda tinha mais 15 a cumprir. Depois, aumentou sua pena a cumprir para 20 anos.
O relógio, um Rolex provavelmente falsificado, parou ontem às 10h30, quando começaram a atravessar o lençol subterrâneo que passava pelo túnel.
"Era difícil respirar. Tinha hora que eu pensei que ia morrer."

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