São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Presos tentaram fugir por outros túneis

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Duas outras tentativas de fuga por túnel aconteceram no últimos seis meses na Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de SP).
As escavações foram descobertas nos pavilhões 8 e 9. A água avermelhada de um bueiro e uma tenda ao lado da muralha denunciaram a existência dos planos.
A direção do presídio afirma ter aumentado a segurança após essas tentativas. Mesmo assim, 51 presos escaparam anteontem da prisão por um túnel de cem metros. "É impraticável administrar a Detenção", disse Walter Erwin Hoffgen, 52, diretor do presídio.
Na primeira tentativa, em novembro passado, os detentos do pavilhão 9 cavaram um túnel e jogaram a terra em um esgoto que deságua em um riacho perto da sede do batalhão da PM responsável por guardar as muralhas da prisão.
"Um cabo estava passando perto do riacho e viu a água avermelhada. Imediatamente desconfiamos que um túnel estivesse sendo cavado", disse o tenente-coronel Antônio Carlos Mariano, comandante daquele batalhão da PM.
A Polícia Militar avisou a direção da Detenção, que localizou o túnel e impediu a fuga dos presos. Os construtores do túnel não foram identificados pela polícia.
Tendas
Em março passado, os presos resolveram mudar de tática. Alguns detentos do pavilhão 8 decidiram cavar um túnel junto à muralha do presídio durante o horário de visitas no fim-de-semana.
Para esconder as escavações, os presos armaram uma tenda ao lado da muralha sob o pretexto de usá-la para receber a visita de familiares. O objetivo era cavar até contornar o alicerce de três metros de profundidade da muralha e sair em uma rua nos fundos da prisão.
Desta vez, um guarda da muralha percebeu a movimentação dos presos e alertou os funcionários da Detenção.
Por intermédio de um ofício, o tenente-coronel requisitou que a direção do presídio proibisse a instalação de tendas no pátio, próximo à muralha.
"Assumi a direção do presídio há três meses e determinei essa proibição", disse Hoffgen.
Armas
O diretor afirmou que não tem como tornar impossível a entrada de armas e de drogas na cadeia.
"Essas coisas podem entrar pela muralha, com as visitas, ou com a conivência de alguns funcionários", disse Hoffgen.
Em outubro de 95, três presos do pavilhão 7 escalaram a muralha em um dia de visitas e, armados, atiraram nos policiais da guarda, ferindo um deles de raspão.
Apenas um dos detentos conseguiu pular a muralha, mas acabou sendo recapturado pela polícia.

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