São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Justiça liberta 2 acusados da Candelária

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Por determinação da Justiça do Rio, não foram prorrogadas as prisões temporárias dos acusados pela chacina da Candelária Carlos Jorge Liaffa Coelho e Nilton Oliveira, presos há um mês. Os dois seriam soltos na noite de ontem.
Segundo os promotores José Piñeiro Filho e Maurício Assayag, as suspeitas contra os dois e mais 13 investigados não se comprovaram por haver "insuficientes indícios de participação".
Os promotores não levaram em conta o fato de Liaffa Coelho ter sido reconhecido pela testemunha Wagner dos Santos, 25. Ele é um dos sobreviventes da chacina da Candelária, em que morreram oito menores, no Rio, em 93.
Santos, no mês passado, apontou Liaffa Coelho como o autor do tiro que o atingiu na cabeça.
"Todo o conjunto de provas é destoante desse reconhecimento", afirmou o promotor Piñeiro Filho.
Os promotores ofereceram denúncias contra os policiais militares Nélson Cunha e Marcos Aurélio Alcântara, que já confessaram a participação no massacre.
Um terceiro homem, Marcos Vinícius Emmanuel, confessou e foi condenado a 309 anos de prisão. O quarto participante da chacina, conhecido como Sexta-Feira 13, morreu em 94.
Na denúncia apresentada ontem, os promotores pedem ao juiz que Cunha e Alcântara sejam alvo de inquérito judicial.
À noite, o juiz aceitou a denúncia dos promotores e decretou a prisão preventiva de Nélson Cunha e Marcos Aurélio Alcântara.
Réus
A promotoria pediu também, ao juiz José Geraldo Antonio, do 2º Tribunal do Júri do Rio, a libertação dos outros três réus, Cláudio Luiz Andrade dos Santos, Marcelo Ferreira Cortes e Jurandir Gomes de França, presos há dois anos e dez meses.
Segundo os promotores, a libertação não representará "qualquer risco para a boa ordem pública".
Os três haviam sido apontados como chacinadores por meninos que sobreviveram à matança.
Os promotores também desconsideraram esses reconhecimentos. Foi pedido o adiamento do julgamento dos três réus, marcado para o dia 27.
Se o juiz mantiver o julgamento para o dia 27, os réus deverão ficar presos até lá, conforme o pedido do Ministério Público.
A decisão do juiz sobre as solicitações do Ministério Público será tomada na próxima semana.
A promotoria denunciou ainda o ex-PM Arlindo Lisboa Afonso Júnior, por receptação de um revólver usado na chacina.
Fim da investigação
"A polícia já concluiu suas investigações. Se houver novas informações, poderá ser feito um aditamento à denúncia", disse Piñeiro Filho.

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