São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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"Quíntuplos" oferece grandiosidade dos atores

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

Se a qualidade de um texto dramático for medida pelo que os atores podem fazer com suas palavras e personagens em cena, então, a de "Quíntuplos", do porto-riquenho Luis Rafael Sánchez, é boa.
O texto permite que o talento de construir personagens, de Christiane Tricerri e Luciano Chirolli, atores do espetáculo, esteja no primeiro plano de observação.
Bem dirigidos por Maria Alice Vergueiro, eles vivem três monólogos cada um -de trupe com pai e irmãos quíntuplos. A peça mostra a exploração de uma degradação, além de biológica, social.
Os atores fazem o público rir de seres humanos altamente tipificados por certas características de personalidade, revelando, assim, "a essência do homem", como diz Anatol Rosenfeld, sobre o mérito do ator ao "se disfarçar" no palco.
Com Carlota, grávida de quíntuplos, Tricerri promove, em frases velozes, o desmascaramento da atitude hipocondríaca. Só a respiração da atriz já é hilariante, entre as listas dos telefones para encontrar o marido, a orientação sobre remédios ou instruções ao público para o caso de dar à luz.
Chirolli provoca no espectador um riso nervoso ao mostrar o contorcido e perturbado Baby Morrison. Com o corpo permanentemente contraído e um sorriso quase fixo, que simbolizam a timidez extrema, o ator modula a voz, do silêncio para a expressão audível, que "distingue vogais de consoantes", e daí para o descontrole histriônico de Baby. Já de Mandrake Morrison, contraponto masculino de Dafne, Chirolli toma distância e brinca com a metamorfose do personagem.
No monólogo final, Chirolli exibe a decadência de Papai Morrison, parodiando um velho de mãos trêmulas, rouco e paralítico. Até que o desfecho súbito interrompe a fala do pai e a saga dos quíntuplos, para revelar o ator no teatro, aquele "que torna os contos vivos".

Peça: Quíntuplos, de Luis Rafael Sánchez
Elenco: Christiane Tricerri e Luciano Chirolli, do grupo Ornitorrinco
Onde: Teatro Hilton (av. Ipiranga, 165, tel. 259-6508)
Quando: Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 19h
Quanto: De R$ 15,00 a R$ 25,00

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