São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996
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Spike Lee brinca com danças e perucas coloridas em 'Girl 6'

J. HOBERMAN
DO "VILLAGE VOICE"

Uma coisa se pode dizer com toda certeza de Spike Lee: sua trajetória tem sido tudo, menos previsível. "Girl 6", comédia sobre tele-sexo que dirigiu, pode ser incoerente -mas em nenhum momento provoca tédio.
A Girl 6, ou "Garota 6", como é conhecida a personagem representada por Thereza Randle, está fazendo um teste grosseiro que está sendo avaliado por um diretor grosseiro identificado nas credenciais como Q.T.
Um personagem representado por ninguém menos do que Quentin Tarantino. Q.T. diz à Garota 6 que está planejando um filme a ser contado "desde o ponto de vista de uma garota afro-americana".
Uma das coisas mais quentes em "Girl 6" é a trilha sonora, composta inteiramente por Prince. E não que o filme seja especialmente sutil.
Enquanto espera sua grande chance, a Garota 6 se sustenta fazendo diferentes bicos, usando várias diferentes perucas. Seu triunfo chega quando ela arruma em emprego de operadora de tele-sexo e finalmente consegue expressar seu eu de atriz.
Mesmo assim, o princípio do prazer é totalmente instrumentalizado em "Girl 6".
O filme, que não chega a ser a comédia "ultrajante" que sua propaganda promete, defende com veemência a indústria da produção e a venda de fantasias.
Mas o que condiz mais com o ambiente geral é o esquete interpolado do próprio diretor, usando terno azul-bebê e chapéu-peruca afro, representando George Jefferson e dançando um Funky Ckicken que não é nada desprezível.
Não dá para não se perguntar que diabos é tudo isso.

Tradução de Clara Allain

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