São Paulo, sábado, 11 de maio de 1996 |
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Color Me Badd exalta harmonias vocais
MARCEL PLASSE
Grupos que combinam harmonias do doo-wop (estilo vocal dos anos 50), instrumentalização de soul, batidas de hip-hop e letras insinuantes. Com uma música na trilha do filme "Striptease", que estréia em junho nos EUA, Color Me Badd volta a apostar na sexualidade e no cinema como via de sucesso. Kevin "KT" Thorton, 26, um dos integrantes do quarteto, falou à Folha, por telefone de Nova York, sobre o velho apelo sexual e o álbum "Now and Forever", acompanhado pelos ruídos de sua filha mais nova, Briana, de dois anos. * Folha - Por que os atuais grupos de R&B se fixaram numa formação com quatro vocalistas? Kevin Thorton - Acabou acontecendo. Éramos seis quando começamos. Mas os outros dois membros não funcionaram no conjunto. Com quatro, as coisas fluiram melhor em termos de harmonia. Na verdade, os principais grupos vocais do passado costumavam ter ao menos quatro integrantes. O formato do quarteto acabou se fixando na época dos Four Tops (por volta de 1965). Folha - Essa inflação de grupos é uma coisa positiva? Thorton - Há grupos demais para o meu gosto. Às vezes, a indústria musical mergulha em modismos e, como resultado, hoje há uma série de grupos que soa como nós, Boyz II Men e Jodeci - os pioneiros. Os novos ainda estão reciclando nosso primeiro hit, "I Wanna Sex You Up", e cantando sobre sexo em vocal "a capella". Folha - "I Wanna Sex You Up" ficou uma imagem sexual forte no grupo. Ela continua? Thorton - Apesar de ter tanta gente transando, lambendo e fazendo de tudo nas paradas, certas coisas são inevitáveis. Uma das novas músicas do álbum "Now and Forever" é destaque da trilha do filme "Striptease", com Demi Moore. A gente vai gravar um vídeo bem sexy com ela dançando para a divulgação da música. Folha - Na época em que o R&B sexy e romântico começava a emplacar, os rappers escreviam músicas iradas contra as rádios negras que só tocavam R&B romântico -Ice-T e Public Enemy chegaram a sugerir o linchamento de DJs. O que mudou? Thorton - Acho que ocorreu uma aceitação maior entre as duas partes. Os cantores e os músicos de R&B passaram a admirar os DJs e o rap acabou, finalmente, aceito como uma forma de arte legítima pelo meio musical. Folha - Como o grupo entrou na trilha de "New Jack City"? Thorton - Sorte. Tínhamos acabado de assinar com o selo Giant, que cuidou da trilha. Os produtores musicais decidiram que queriam combinar artistas novos com nomes já estabelecidos do rap e do "New Jack Swing", com Ice-T, Queen Latifah, 2 Live Crew, AI B. Sure!, Levert e ainda o Keith Sweat. Com uma seleção dessas, não foi surpresa o fato de três músicas virarem single. A surpresa foi "I Wanna Sex You Up", dos iniciantes aqui, vender mais que todos os artistas de música negra naquele ano. Folha - Boyz II Men participa do seu novo disco. Não há rivalidade entre os grupos? Thorton - Boyz II Men nos respeita muito e vice-versa. Acabamos nos conhecendo na época em que ambos estouramos, numa festa de rádio, e ficamos amigos. Fizemos até um improviso vocal naquele show. Desde o início da década, sempre que nos encontramos é como uma reunião amigável. Não existe ciúmes ou inveja. Trabalhar com eles é sempre divertido. Folha - O principal produtor do novo álbum, Narada Michael Walden, tem fama de criar "climas" em suas gravações. O que ele fez no estúdio durante as gravações de "Now and Forever'? Thorton - Para criar a atmosfera no estúdio, ele levou velas e gravou à luz de velas. Levou também vídeos de montanhas e cachoeiras, que ficava passando, enquanto acertava o som das músicas. Folha - Isso teve efeito na música de trabalho do disco ("The Earth, the Sun, the Rain"), que, por sinal, é inspirada nos elementos da natureza? Thorton - Sim, o clima realmente funcionou, porque nos deixou inteiramente livres de qualquer stress. Texto Anterior: David Lynch volta ao "bizarro que está no topo do mundo" Próximo Texto: TV Portuguesa se aproxima da MPB Índice |
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