São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Policiais poderão ser punidos amanhã

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

Os 156 policiais militares indiciados no IPM (Inquérito Policial Militar) podem ser punidos amanhã.
As penas variam de repreensão verbal até prisão de 30 dias, a exemplo do que aconteceu com o coronel Mário Pantoja, que cumpre um mês de prisão domiciliar.
Como o inquérito aponta transgressão da disciplina militar, cabe ao comandante-geral da PM, coronel Fabiano Lopes, ou ao próprio governador do Pará, Almir Gabriel, enquanto comandante-em-chefe da Polícia Militar, determinar punições, conforme a transgressão cometida.
Essa é uma pena administrativa e pode ser aplicada independentemente do andamento do IPM.
Desde anteontem, a Comissão de Justiça da Polícia Militar estuda o relatório final do IPM entregue pelo coronel João Paulo Vieira.
Segundo Vieira, apesar do pouco tempo de inquérito, apenas 20 dias, todos os PMs são relacionados nominalmente.
O coronel não explicou que tipo de transgressões foram cometidas, e o inquérito não foi divulgado.
O comandante Fabiano Lopes disse, por meio da assessoria do governo, que, a partir do parecer que a Comissão de Justiça emite na segunda-feira, vai tomar as providências necessárias.
Pressão
O advogado da Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) do Pará, Wanderlei Ladislau, disse que vai "pressionar para que os oficiais sejam julgados por homicídio doloso (com intenção) e os outros soldados, por co-autoria", disse
A pena prevista é de 12 a 30 anos de prisão. Para co-autoria, a pena é a mesma, os atenuantes dependem do juiz.
A SDDH está prestando assessoria jurídica aos sem-terra. "Precisamos ficar em cima para evitar que esse massacre seja um novo Carandiru", disse Ladislau.
Há uma semana, desembargadores de São Paulo julgaram que os presos provocaram e foram os culpados pela ação da PM que resultou em 111 presos mortos no presídio do Carandiru, em 1991.
Os advogados da SDDH e do movimento dos sem-terra dizem temer que as 19 mortes fiquem impunes se o Tribunal Militar aceitar a tese da legítima defesa da PM e a autoria incerta (impossibilidade de apontar quem disparou os tiros). A defesa já manifestou a intenção de usar basicamente esses dois argumentos.

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