São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Estado prepara lista de bancos perigosos

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo começou a fazer o ranqueamento das agências bancárias de São Paulo para apontar as mais perigosas em termos de assaltos.
A lista será tornada pública para "alertar a população dos riscos que corre", segundo o secretário em exercício, Luiz Antonio Alves de Souza.
"O principal fator para o crescimento dos roubos hoje é a facilidade que os bandidos encontram. Os bancos não fazem tudo o que podem para evitar assaltos", diz.
No primeiro trimestre, o número de roubos cresceu 102,1% na Grande São Paulo (somados os assaltos a carro-forte), em comparação com o mesmo período de 95. Foram roubados R$ 9,3 milhões.
Dados preliminares apontam 108 roubos ocorridos em abril.
Apesar dos números, o secretário acredita que a ação da polícia tem sido satisfatória. Ele diz que 230 assaltantes foram presos durante todo o ano passado. Nos primeiros quatro meses de 96, o número subiu para 180.
"Tenho a impressão de que os bancos perdem pouco com os assaltos ou têm seguro que cobre os prejuízos. Para nós, cada caso é um crime cometido", afirma.
Até o final do mês deve estar pronto o guia com quesitos a serem analisados nas agências. Em seguida, os policiais vão a campo colher informações.
No final, serão atribuídos pontos às agências, que serão ranqueadas. O secretário acredita que a lista pode ficar pronta em até três meses.
A fiscalização da segurança bancária cabe à Polícia Federal. A secretaria acredita que, com o ranking, não estará extrapolando seus poderes.
"Em geral, os bancos cumprem as normas legais, mas não vamos exigir nada acima das normas. Apenas recomendar", afirma Alves de Souza.
Alarme desprezado
Pela lei, os bancos são obrigados a ter alarme, vigilantes e mais um item de segurança opcional -que pode ser cofre com "timer" (dispositivo que impede que abra fora de horário programado), porta com detector de metais ou câmeras fotográficas ou de vídeo.
Para os policiais da Delegacia de Roubos a Banco, os dispositivos previstos em lei são insuficientes para dificultar os roubos.
O maior problema, porém, é que os itens de segurança em geral não são bem empregados.
"Estou há dois anos na delegacia e nunca soube de um roubo em que o alarme tenha sido disparado durante a ação", afirma o delegado Marcos Ricardo Parra. "O vigilante teme que a polícia chegue a tempo e haja confronto."
Segundo Alberto Pereira Matheus Júnior, delegado-assistente da Roubo a Bancos, os vigias são desatentos e despreparados.
Ele cita como exemplo um caso de abril em que o assaltante ficou preso na porta com detector de metais, e o vigia pediu que levantasse a parte da frente da camisa para mostrar que não estava armado. Ele acabou entrando com o revólver guardado na parte de trás.
Quando há câmeras de vídeo ou fotográficas, elas nem sempre estão colocadas em local adequado. O assalto é gravado, mas a imagem não permite identificar os ladrões.
Casas adaptadas para receber agências representam risco adicional, porque o caixa é muito próximo da porta. As novas nem sempre têm pátio para carro-forte.

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