São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Assaltantes alugam armas para roubar

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova geração de assaltantes de banco, com bandidos considerados "pés-de-chinelo", está criando o comércio de armas de aluguel. Com pouca experiência e nenhum caixa, eles são obrigados a tomar armas emprestadas de outros criminosos e dividir com eles o produto do assalto.
"Isso está ficando comum. Os novos assaltantes não têm as armas necessárias para roubar um banco, e o jeito é alugar", conta o delegado Alberto Matheus Júnior, da Delegacia de Roubo a Bancos.
Um exemplo: em um assalto praticado em abril, cinco ladrões tomaram emprestadas uma metralhadora, uma escopeta e pistolas automáticas. Dos R$ 23 mil roubados, pouco menos de R$ 2.000 ficaram para o dono das armas.
"Não é mais coisa de especialista", afirma o secretário em exercício Luiz Antonio Alves de Souza.
Parte do retorno dos roubos a banco é obtida em armas. Segundo a Secretaria da Segurança, 1.061 revólveres de vigilantes de banco foram levados na Grande São Paulo de outubro de 95 a março de 96. São usados em outros crimes.
Real estimula
O que tornou os bancos mais atraentes para ladrões de todos os tipos foi o valor que o dinheiro passou a ter depois da queda brusca da inflação, com o Plano Real.
"Agora, o bandido pode guardar o dinheiro e esperá-lo 'esfriar'. Antes, o produto do assalto perdia o valor", explica Matheus Júnior.
O secretário Alves de Souza diz que muitos dos que antes roubavam ou furtavam mercadorias agora estão no "novo ramo".
As estatísticas mostram a mudança. Os furtos em residências caíram 59% de 94 para 95, na Grande São Paulo. Os roubos despencaram 66,5% no período.
'É o Véio!'
Para a polícia, casos com "pés-de-chinelo" são mais complicados, porque seu rosto e modo de operar são desconhecidos.
Depois de uma assalto em que há fotos ou fitas de vídeo que gravaram a ação, a equipe se reúne para tentar identificar os participantes.
"É o Véio!", afirma um investigador. "Esse lembra o Pantola", comenta outro. "Olha o amigo do Barrabás", diz um terceiro.
"Nosso trabalho em grande medida depende da memória dos investigadores, que chegam a ter mais de 20 anos de polícia. Se entram caras novas, ficam mais difícil", afirma Matheus Júnior.
(RSc)

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