São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Herdeiros mostram como Pão de Açúcar supera crise

Para filhos de Abilio Diniz, segredo é atender bem o cliente

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual a fórmula de administração mais adequada para sustentar os planos de expansão do grupo Pão de Açúcar, a segunda maior rede de supermercados do país?
Seus dirigentes não tem dúvidas: querem crescer rápido com base num modelo que privilegia a prestação de serviços ao consumidor, com lojas voltadas para a comunidade de onde estão instaladas.
Nesse contexto, uma prioridade passou a ser a oferta de novos serviços aos clientes, como as compras por telefone e computador.
Outra ênfase operacional tem sido tentar mostrar aos consumidores que o grupo mudou.
Essas duas áreas -desenvolvimento de novos negócios e marketing- são hoje comandadas por dois dos três membros da família Diniz que continuam com funções executivas no grupo.
Ana Maria, 34, e João Paulo, 32, dois dos quatro filhos de Abilio Diniz, o presidente do grupo, participaram ativamente do processo de mudanças, desde 90.
João Paulo, que trabalhava então na Express, empresa criada em parceria com a Shell, e Ana Maria, fora do grupo na época, foram chamados pelo pai.
Batismo de fogo
Para os dois, terem participado dessas mudanças acabou funcionando como um "batismo de fogo" de como gerenciar uma empresa em crise, que, no caso do Pão de Açúcar, quase pediu concordata, como lembra Ana Maria.
Para João Paulo, até a forma como ele era tratado pelos funcionários do Pão de Açúcar mudou. Antes, era visto mais como membro da família do que um profissional.
Os dois não estão subordinados diretamente ao pai, mas sim ao diretor-superintendente do grupo, Luiz Antonio Viana. "Ele me trata como qualquer outro diretor", afirma João Paulo.
Embora de temperamentos muito diferentes, os dois irmãos compartilham a mesma visão de como o processo de reengenharia no Pão de Açúcar deve continuar. "Mesmo quando não conversamos antes de uma reunião, em geral defendemos os mesmos pontos de vista", diz Ana Maria.
Quando o grupo teve de contratar grande número de gerentes e diretores, normalmente os dois escolhiam o mesmo candidato.
Uma diferença, revela João Paulo, é na hora de os dois se expressarem: "Ela tem mais charme e sabe convencer as pessoas".

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