São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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PIB menor dá estímulo a fusões

Tendência é concentração

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução da participação dos bancos no Produto Interno Bruto registrada em 1995 indica que o ajuste do sistema financeiro está longe do fim.
Com o bolo menor, a alternativa é a seguinte: ou o mesmo número de bancos divide receitas menores ou um número menor obtém receitas maiores, comenta Antonio Costa, sócio-diretor do Opportunity, banco de negócios.
Para Costa, as duas coisas já estão acontecendo. Caiu a receita bruta do sistema e caiu também o número de instituições, depois das fusões, compras e liquidações do ano passado.
Mas ainda há muita coisa por acontecer. No segundo semestre, em especial, Costa acha que haverá uma concentração de negócios de fusão e aquisições.
Ganho inflacionário
A causa principal desse processo é a enorme perda do ganho inflacionário dos bancos (os lucros que obtinham aplicando os recursos que ficavam parados por alguns dias em suas contas).
Estudo recém-concluído da EFC Engenheiros e Consultores Financeiros mostrou que os 40 bancos brasileiros tiveram receita inflacionária de apenas R$ 1,04 bilhão em 1995.
Isso representou 2% da receita total. Em 1994, que teve inflação alta no primeiro semestre e baixa no segundo, o ganho inflacionário representou 15,6% do total.
E em 1993, ano inteiro de inflação alta, o ganho inflacionário foi de R$ 9,2 bilhões, ou 26,3% da receita bruta total.
Inchaço no sistema
O número de bancos havia crescido no Brasil na proporção da inflação, até chegar ao recorde de 265 bancos, 17,8 mil agências e 11 mil postos, segundo dados do Banco Central.
É muito para a situação atual, opina Antonio Costa. Para ele, já se nota uma tendência de concentração das instituições em três segmentos: grandes bancos de varejo, bancos superespecializados, os de investimento e os especializados por setor.
Os bancos de varejo tendem ao oligopólio. Serão "poucos, grandes e caros para seus usuários", diz Costa. E haverá forte competição em todos os setores.
Despreparo
Para o banqueiro, quem está mais despreparado para enfrentar essa competição são os bancos estatais estaduais e os bancos de porte médio.
Os estaduais devem acabar na privatização, mais cedo ou mais tarde. Os de porte médio passarão por fusões ou aquisições.
Como o Proer, programa do Banco Central que financia os negócios no setor, vai até dezembro deste ano, Costa espera uma concentração de operações no segundo semestre.

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