São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Kandir e o Judiciário

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

O deputado Antonio Kandir tocou em um problema crítico em dois artigos na Folha, em 21 de abril e de 6 de maio, nos quais aponta, com coragem e correção, que a Justiça brasileira é cara e ruim.
Concordo com o deputado e, pelas conversas com alunos e amigos, existe a impressão de que o poder mais arcaico, menos transparente e onde a prática do nepotismo é mais frequente é o Judiciário.
Repito uma afirmação que fiz em 28/4/96: tanto o Executivo quanto o Legislativo apresentam problemas terríveis, mas que têm sido expostos à opinião pública. E, por pressão dela, esses dois poderes estão empenhados em se reformarem. O mesmo não pode ser dito do Judiciário.
Segundo Kandir, as despesas com pessoal do Judiciário (federal) cresceram 357% reais entre 87 e 96; a sede do Superior Tribunal de Justiça custou R$ 170 milhões e ocupa 133 m2 para abrigar 33 ministros e 1.600 funcionários.
Tem havido algum progresso na modernização do Judiciário. Os Juizados de Pequenas Causas são um exemplo. Mas, em seu todo, ele parece desejar ser apontado como um peso morto a ser puxado pelo progresso da sociedade.
Na Itália foram os juízes e promotores independentes que lideraram a batalha para tornar públicas as mazelas e a corrupção generalizada do Legislativo e do Executivo.
Nos EUA, onde a Justiça é o poder mais respeitado e eficaz, foi necessária a intervenção do presidente Roosevelt, nos anos 30, para afastar juízes corruptos e aumentar em cinco a composição do Supremo Tribunal Federal.
Acorde Justiça brasileira: o progresso social está bem mais à frente do que você pensa.

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