São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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China corta emprego vitalício

Governo teme instabilidade social

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China quer eliminar até o final deste ano o sistema de emprego vitalício, aplicado pelo Partido Comunista há mais de 40 anos.
A medida, reflexo das reformas pró-capitalismo iniciadas pelo líder Deng Xiaoping, chega acompanhada por esforços do governo para evitar desemprego em massa.
Cerca de 80% dos trabalhadores urbanos chineses já abandonaram o sistema de emprego vitalício e aderiram ao sistema de contrato implementado desde meados dos anos 80. O governo, ao desmontar a antiga estrutura, busca diminuir despesas das estatais para melhorar sua saúde financeira.
No final de 1994, 34% das empresas estatais chinesas operavam com prejuízo. O governo identificou os gastos com proteção social aos trabalhadores como um dos motivos para diversas companhias naufragarem na economia de mercado implementada pelo Partido Comunista desde 1978.
Com as reformas, a China passou a acumular as mais altas taxas de crescimento econômico do planeta. No ano passado, por exemplo, sua economia cresceu 10,2%.
O Partido Comunista, no poder desde 1949, arquitetou um sistema no qual a empresa estatal devia proporcionar a seus trabalhadores serviços como moradia, educação e assistência médica. Agora as companhias vão se livrando gradualmente das antigas obrigações.
"Alguns benefícios representam para as empresas (estatais) um custo que compromete sua capacidade de competir, levando muitas delas a acumularem dívidas e dependerem de subsídios do governo", escreveu o jornalista chinês Cao Min.
Movimento lento
Na reforma do setor estatal, o governo chinês se move lentamente. Descarta privatizações em larga escala para manter uma fatia importante da economia em suas mãos.
O governo também caminha com cautela para evitar soluções que desemboquem em demissões em massa. Avalia-se que 10 milhões de trabalhadores são supérfluos nas companhias estatais que acumulam prejuízos.

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