São Paulo, domingo, 12 de maio de 1996
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Condenado dá conselhos

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Minutos antes de ser executado, Liao Yongxiong, 29, viu-se diante de uma câmera de TV do canal da Província de Guangdong.
O condenado, depois de enfrentar julgamento num ginásio de esportes com público de 4.700 pessoas, aconselhou os telespectadores a "não seguir seu exemplo e ficar longe do jogo e das apostas".
Liao foi executado 15 dias após assassinar quatro pessoas num assalto a banco e 5 dias depois do julgamento. Muitas vezes na China a execução ocorre no mesmo dia do anúncio da sentença.
O ginásio de esportes da cidade de Zhongshan (sul da China) acomodou 4.700 pessoas no julgamento de Liao, além de equipes do canal de TV de Guangdong e do município. A rádio local também transmitiu o evento ao vivo.
Durante o julgamento, o público conversava, e até se escutaram risos. Liao às vezes sorria e murmurava algumas palavras.
Policiais com submetralhadoras guardavam o ginásio durante o julgamento, ocorrido no dia 25 de abril. Funcionários do governo, estudantes e operários formavam a platéia.
Liao confessou o crime. Ele assaltou a agência do Banco Comercial e Industrial da China em Zhongshan, na qual trabalhava como vigia, matou três funcionárias e o motorista de táxi que ele obrigou a ajudá-lo na fuga.
Liao fugiu com o equivalente a US$ 16,8 mil em dinheiro chinês (yuans) e US$ 10,3 mil em dólares de Hong Kong. Ele disse que precisava pagar dívidas de jogo em cassinos na colônia portuguesa de Macau, encravada na China.
A polícia prendeu Liao 54 horas depois do crime. O guarda do banco havia se escondido num vilarejo próximo a Zhongshan.
A imprensa local classificou o crime como o "pior na cidade desde que os comunistas chegaram ao poder, em 1949".
A Justiça chinesa rejeitou o apelo de Liao. Ele foi executado por um pelotão de fuzilamento e morreu com quatro tiros.
(JS)

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