São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 1996
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Greve e Assembléia emperram rodízio

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A greve que os funcionários da Cetesb (órgão estadual que controla a poluição) pretendem fazer a partir de quinta-feira e a demora na votação no projeto que cria o sistema na Assembléia estão emperrando a definição do rodízio antipoluição em São Paulo.
O governo estadual pretendia implantar o rodízio de carros na Grande São Paulo a partir do dia 3 de junho, mas o projeto que permite a cobrança de multas de R$ 200 para quem desobedecer ao sistema ainda não foi votado.
O projeto foi enviado à Assembléia no início de março. Sem a aprovação, o governo não poderá cobrar multa.
O secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, autor da idéia do rodízio, já afirmou diversas vezes que a implantação do rodízio sem multa é inviável. No ano passado, quando o rodízio foi testado durante uma semana, sem cobrança de multa, a adesão foi de 38%.
A greve dos funcionários da Cetesb, convocada para quinta-feira, pode complicar ainda mais a implantação do rodízio. Os funcionários, que têm data-base em maio, pedem 33% de reajuste salarial.
Segundo Elisabeth Tortolano, 34, presidente do Sintaema (sindicato que representa os funcionários da Cetesb), a empresa ainda não fez nenhuma contraproposta.
Tortolano diz que os funcionários aprovam o rodízio, mas que não haverá esquema especial de trabalho caso a greve persista até o início da operação. "Só vão ser feitos os serviços essenciais", afirma.
Votação obstruída
O projeto do rodízio foi colocado em votação na última terça em sessão extraordinária, mas a votação foi obstruída pelos partidos de oposição, que alegam que houve atraso no envio do projeto à Assembléia e acusam o governo estadual de tentar aprovar o projeto sem discussão sobre o assunto.
O presidente da Assembléia, Ricardo Trípoli (PSDB), convocará nova sessão extraordinária para tentar a aprovação nesta semana.
O deputado Erasmo Dias, líder do PPB na assembléia, critica a convocação. "O local de discussão do projeto é a sessão ordinária. Esse projeto é um entre 61 projetos da ordem do dia", afirma.
Para o líder do PT, deputado Roberto Gouveia, a aprovação do rodízio deveria estar condicionada à adoção de programas de controle da emissão de poluentes. "O rodízio é paliativo. O governo estadual precisa implantar programas de controle da poluição no ano todo."

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