São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 1996
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Venda a prazo no Dia das Mães sobe 55%

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A venda a prazo cresceu 55,1% no final de semana do Dia das Mães em relação ao mesmo período do ano passado.
Isso é o que revela o número de consultas recebidas pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Entre os dias 1º e 12 de maio, o SPC registrou um aumento de 28% no número de consultas em relação aos mesmos dias de 95.
Se a comparação do volume de consultas ao SPC em 96 for feita até o Dia das Mães do ano passado, que caiu no dia 14 de maio -portanto, com dois dias úteis a mais em relação a este ano-, mesmo assim houve um acréscimo de 14,3% no movimento da venda a prazo.
Vendas à vista
As vendas à vista também estão em alta neste mês. As consultas ao Telecheque da ACSP aumentaram 47,8% no último final de semana em relação ao mesmo período do ano passado.
"Alguma reação nas vendas deve estar ocorrendo", diz Emílio Alfieri, economista da entidade.
Ao contrário do ano passado, afirma o economista, o que está puxando para cima a venda em maio de 96 é o crediário de longo prazo e o juro menor.
Segundo Alfieri, se essa tendência se mantiver até o fechamento do mês e os índices de inadimplência (atraso no pagamento) recuarem, isso pode ser um indicativo de que a economia começa a se recuperar.

Repique
Por conta do maior volume de vendas no crediário, o economista não descarta a possibilidade de um repique da inadimplência nos meses de junho e julho.
O mês de abril fechou com 206.675 carnês com pagamento atrasado há mais de 30 dias na cidade de São Paulo, segundo a ACSP. Isso representa um crescimento de 23,6% em relação a março.
"As lojas estão querendo vender de qualquer jeito. E a renda do consumidor não mudou. Ela mal acompanhou a inflação", afirma.
Flávio Nolasco, economista da MA Consultores Econômicos, diz que até pode haver um repique da inadimplência a curto prazo. Mas isso não deve ser a tendência. Motivo: o consumidor e as lojas estão mais cautelosos.
O economista José Maurício Soares, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos), concorda com Nolasco.
"A chance de o aumento da venda a prazo desembocar em repique da inadimplência é pequena."
Isso porque consumidor e lojistas, diz, estão mais precavidos com o que ocorreu no ano passado.
O recorde histórico da inadimplência foi batido em abril do ano passado, quando a ACSP registrou 245.494 carnês em atraso.
Segundo Alfieri, os lojistas estão divididos quanto ao risco do repique da inadimplência.
Uma parte deles acredita que, como o crediário é de longo prazo e o valor da prestação é pequeno, o consumidor vai acabar pagando em dia a prestação, mesmo com o orçamento mais restrito.
Mas há lojistas que não estão tão confiantes. Esse grupo diz que, assim que perceber um aumento no atraso do pagamento, restringirá a concessão do crédito.

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