São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 1996
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EFEITOS E DEFEITOS

A crise argentina colocou em evidência o chamado "efeito Orloff" (o Brasil seguiria o caminho argentino). Depois da crise mexicana, surgiu o "efeito tequila" (crises cambiais).
Mas se os dois riscos parecem hoje bem menores, os resultados mais recentes das economias argentina e mexicana são pouco inspiradores.
Alguns sinais são positivos. O México, por exemplo, apresentou um superávit comercial de US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre. As exportações mexicanas cresceram 15,9% nesse período. E o presidente Zedillo acaba de anunciar um novo plano de desenvolvimento.
Ou seja, o principal foco de preocupações que afinal levou à crise cambial mexicana, a balança comercial, encontra-se hoje sob controle.
Entretanto, o custo social e econômico do ajuste é enorme. A inflação acumulada nos últimos 12 meses é da ordem de 44%. A economia mexicana encolheu 7% em 1995.
Na Argentina também há indicadores favoráveis, a começar pela inflação anual zerada. A começar e a terminar, diga-se, pois outros indicadores fundamentais são preocupantes: a miséria aumenta, a retração industrial ultrapassa os 10% e as metas de ajuste fiscal não são cumpridas, para desconsolo dos técnicos do FMI.
Em suma, evitaram, na Argentina, o "efeito tequila" sem desvalorização cambial, mas à custa de uma recessão bastante profunda que corrói a base tributária e, portanto, continua gerando incerteza sobre a capacidade de eles conseguirem o ajuste fiscal necessário à estabilidade.
Argentina e México representam talvez casos extremos de ajuste econômico. No caso mexicano, a megadesvalorização cambial reverteu o déficit comercial, mas jogou o país na recessão. No caso argentino, a megarrecessão evitou a desvalorização cambial, mas gerou uma problemática inconsistência fiscal.
Evitaram assim que se propagassem os efeitos de desequilíbrios. Mas isso não significa que os desequilíbrios não continuem presentes.

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