São Paulo, terça-feira, 14 de maio de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Erraram?

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Lembra-se do papo sobre reengenharia, "downsizing" (forma mais elegante de dizer demissões em massa) etc.?
Lembra-se de todos os profetas que foram cultuados mundo afora?
Pois bem. Um deles, o mais teimoso, Stephen Roach, confessa agora que está "repensando se de fato chegamos à terra prometida", conforme texto do jornal "The New York Times".
Por "terra prometida" entenda-se um formidável e permanente ganho de produtividade em todos os setores da economia.
Roach, economista-chefe da consultoria Morgan Stanley, está mandando fax aos clientes para dizer o seguinte:
"Está ficando crescentemente claro para mim que as melhoras na performance operacional e nos lucros foram construídas à base de uma firme corrente de 'downsizings' e corte de custos que simplesmente não é sustentável".
É o "erramos" dos neoprofetas.
Até porque os dados apresentados por "The New York Times" não deixam margem para dúvidas. A produtividade da indústria manufatureira norte-americana de fato cresceu bastante nos anos 90 (3,2% ao ano). Mas, no conjunto da economia, cresceu muitíssimo menos (1,1%), o que significa que o enorme setor de serviços apresentou perda de produtividade e não ganho.
Ou, em outras palavras, seria como uma empresa aérea que, em vez de vender mais bilhetes, simplesmente corta postos de trabalho. Também aumenta o lucro (ou reduz o prejuízo, dependendo da companhia), mas não é nada permanente, lamenta-se agora o ex-profeta Roach.
Completa Roach: "Se se verificar que tudo o que fizemos foi cortar nossa força de trabalho, então terei que reformular aquilo sobre o que construí a minha reputação".
E quem perdeu o emprego, em vez da reputação, como fica?

Texto Anterior: EFEITOS E DEFEITOS
Próximo Texto: Curto, médio ou longo?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.