São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996 |
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Globalização vai engolir os pequenos
SEBASTIÃO NASCIMENTO
Esta é a principal conclusão do "Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais", divulgado na última sexta-feira, em Juiz de Fora (MG), pelo Sebrae-MG e pela Federação da Agricultura de Minas Gerais. Inédito no país, o diagnóstico foi elaborado a partir de entrevistas com mil produtores comerciais de todas as regiões de Minas Gerais, Estado que lidera a produção de leite no país. A pesquisa mostra que a pecuária de leite caminha no sentido certo, embora o pequeno produtor esteja ameaçado de extinção. "As diferenças entre o pequeno e o grande produtor tendem a aumentar em termos de qualidade e de rentabilidade", diz a pesquisa. Tecnologias que aumentam a produtividade do rebanho e reduzem custos de produção, como silagem e inseminação, são pouco empregadas pelos pequenos. Apenas 17% deles usam silagem para alimentar o gado. Entre os grandes produtores, 81% utilizam essa técnica. A inseminação do rebanho é empregada por apenas 6% dos pequenos produtores, contra 36% dos grandes pecuaristas de leite. Em Minas, a média de produção é de 96 litros por fazenda/dia. Já o pequeno produtor produz, em média, 28 litros/dia. Lei do mercado "Não há saída para os pequenos produtores", diz Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite B. Segundo ele, a globalização do mercado é irreversível. "O produtor nacional ainda discute o preço, em vez de se preocupar com o lucro. Enquanto isto, a Argentina coloca leite 'longa vida' nos supermercados brasileiros por até R$ 0,45/litro", diz. Para Sebastião Teixeira Gomes, professor da Universidade Federal de Viçosa e autor do diagnóstico, produção agora só é bom negócio quando se dá em larga escala. "Enquanto as fazendas de Minas produzem em média 96 litros de leite/dia, as da Argentina tiram 800 litros/dia", diz. Na era da globalização da economia é o mercado quem dita o preço. Cabe ao produtor ajustar seu custo para se manter vivo, alerta o diagnóstico. Mas a pesquisa mostra que a maioria dos produtores (71%) continua insistindo na velha ladainha de que o preço é o principal problema da atividade. O trabalho traçou também o perfil da pecuária leiteira em Minas, comprovando que o maior número de fazendas pertence a pequenos produtores. Produtores de até 50 litros/dia correspondem a 59% do número total de pecuaristas e respondem por apenas 20% da produção. No outro extremo, as fazendas que produzem mais de 250 litros/dia representam 6% do total e produzem 30% do leite em Minas. Próximo Texto: Leite caminha para o cerrado Índice |
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