São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Motta é fonte de polêmicas e vitórias

Ministro confunde o Planalto

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro das Comunicações, Sérgio Motta, conseguiu mais uma vitória ontem. Apesar disso, no Palácio do Planalto, o presidente continua apreensivo em relação às ações espontâneas de Motta.
Ontem, Motta garantiu para sua pasta o dinheiro resultante das concessões de telefonia celular.
O engenheiro Motta tinha razões para bater o pé. Só no Estado de São Paulo, as receitas de concessões ficarão próximas de R$ 1 bilhão no primeiro ano.
Motta anulou uma passada de pé do deputado federal aliado Roberto Campos (PPB-RJ). Campos queria que o dinheiro arrecadado com concessões ficasse com o Tesouro. Perdeu a parada.
O ex-ministro pepebista é apenas mais um dos derrotados por esse tucano de 55 anos, amigo íntimo de Fernando Henrique Cardoso.
Desde que assumiu sua pasta, Motta alterna tropeços e acertos.
Logo no início do governo FHC, o ministro qualificou como "masturbação sociológica" as discussões do Programa Comunidade Solidária, comandado pela mulher do presidente, Ruth Cardoso.
FHC
O próprio presidente foi vítima do ministro. Ele disse que FHC tinha "o saco preto" quando quis mostrar que ele não se rendia a banqueiros.
Contra o ministério de FHC, Motta espalhou a informação sobre um suposto superministério para José Serra. O ministro nega. A idéia seria diminuir o poder de Clóvis Carvalho (Casa Civil).
Além disso, Motta teria espalhado para muita gente as mudanças recentes no ministério, antes de FHC divulgá-las. O ministro nega. Por conta disso, Dorothea Werneck perdeu o emprego pela TV.
No campo político, Motta tem jogado o PSDB contra o PFL. Na última reunião ministerial, brincava dizendo para o pefelista Inocêncio Oliveira: "Olha que a gente tira o PTB de vocês, hein?". Sem o PTB, o PFL perderia a hegemonia na Câmara.

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