São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Rixa com pefelistas aproxima tucanos do PMDB

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A tensão entre o líder do PSDB na Câmara, José Aníbal (SP), e o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), está aproximando os tucanos do PMDB.
Lideranças dos dois partidos já discutem até uma possível composição para a futura presidência da Câmara. Se o acordo sair, o maior prejudicado será Inocêncio, o candidato favorito hoje.
Crescem as candidaturas do líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), e do presidente nacional do partido, Paes de Andrade (CE).
O PSDB vai exigir que o candidato do PMDB assuma compromissos com o governo FHC.
Avisado, Paes já antecipa que vai votar a favor do CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
O PFL é contra o projeto. O governo precisa do CPMF para garantir uma verba de mais R$ 6 bilhões para o custeio da saúde. Paes garantiria o apoio dos dissidentes do PMDB (cerca de 20 deputados).
O secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio (AM), afirma que "não há dúvidas" de que o racha com o PFL aproxima os tucanos do PMDB. "É difícil superar. Foram usadas expressões como 'canalha, covarde"', diz Virgílio.
O bate-boca entre Aníbal e Inocêncio teve início na semana passada e foi motivado pela tentativa de o PFL mudar o texto que tratava da regulamentação da telefonia celular.
Para Inocêncio, o PSDB se sentia desprestigiado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e, por isso, atacava o PFL.
O pefelista chegou a fazer um comentário irônico: "O PSDB deve se contentar com o confeito, antes de chegar ao chocolate".
Aníbal saiu atirando. Chamou Inocêncio de "caudilho", "fanfarrão" e "mentiroso".
O líder do PFL respondeu de forma mais dura, afirmando que o tucano era "covarde", "canalha" e "poltrão".
O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), ligou para Inocêncio, anteontem, a pedido de FHC, e recomendou que o líder do partido não desse mais declarações sobre o assunto.
Inocêncio acatou o pedido e recusou-se a falar com a imprensa ontem sobre qualquer assunto.
Paes aproveitou a crise entre os dois partidos que formam o núcleo do governo FHC e procurou Aníbal na segunda-feira.
Propôs um acordo na disputa pela presidência da Casa e avisou que aprovaria o CPMF.
O secretário-geral do PSDB está articulando um encontro de Paes com o presidente nacional de seu partido, senador Teotônio Vilela Filho (AL).
Os tucanos esperam que Paes componha com o governo depois da conclusão das reformas da Previdência e administrativa.

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