São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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Abertura é inócua, avaliam seguradoras

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A abertura do setor de seguro-saúde às empresas estrangeiras, em estudo pelo governo, não deverá reduzir os custos dessas apólices no país. Essa é, pelo menos, a opinião das seguradoras nacionais.
Para Júlio Bierrenbach, vice-presidente da Sul América, maior seguradora do país, a entrada direta das empresas estrangeiras não fará a menor diferença, em termos de custo, para os consumidores.
"Seguro é serviço, não é produto industrializado, sujeito a subsídios e custos inferiores. É precipitada a idéia de que os estrangeiros trarão seguros de saúde mais baratos, pois eles estarão sujeitos aos nossos custos médicos e hospitalares", diz Bierrenbach.
Segundo o executivo, no Brasil a sinistralidade (ocorrência de fatos sujeitos à cobertura do seguro) do ramo saúde é muito alta para atrair empresas de fora.
Bobagem
O superintendente da Bamerindus Seguros, José Luís Osti Muggiati, concorda. Mesmo que haja novos concorrentes no mercado, eles serão incapazes de mudar uma realidade de preços específica do país, acredita Muggiati.
"Dizer que vai abrir para baixar preços é uma bobagem total".
Em nota oficial, a Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização) resumiu ontem a avaliação dos dois executivos.
'As empresas estrangeiras (...) não poderão trazer médicos, hospitais e laboratórios para o Brasil", diz a nota.
Muggiati lembra que as seguradoras não têm peso suficiente no mercado de planos de saúde para forçar as empresas de medicina de grupo a baixarem seus preços, como quer o governo.
As companhias de medicina de grupo, que não são fiscalizadas nem estão sujeitas ao controle de preços imposto às seguradoras pelo governo, aceitam aumentos de médicos e hospitais e as seguradoras acabam tendo de ir atrás, avalia Muggiati.
Levantamento da corretora de seguros Johnson e Higgins mostra, contudo, que as seguradoras americanas enfrentam custos maiores que os do Brasil e, mesmo assim, cobram menos por seus planos (veja tabelas acima).
"Nos EUA, o número de segurados é bem maior, o que reduz o custo dos planos", diz Humberto Torlone, da Johnson & Higgins.

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