São Paulo, quarta-feira, 15 de maio de 1996
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George Michael faz as pazes com o mundo

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

No mundo todo, os fãs comemoram. Terminou ontem o jejum de seis anos. Já é possível saciar o desejo por boa música pop com "Older", o novo álbum de George Michael, 32. No Brasil, a festa é maior. A passagem do cantor britânico pelo Rock in Rio 2, em 1991, deixou suas marcas.
"Older" traz homenagens póstumas a dois brasileiros, citados no encarte: o compositor Tom Jobim e o amigo (namorado, para quem acredita em boatos) Anselmo Feleppa, que morreu de Aids.
O primeiro, diz Michael, mudou sua maneira de ouvir música. O segundo, sua maneira de "olhar a vida". O disco traz referências ao Brasil em duas faixas: "To Be Forgiven" e "Star People".
Entre "Listen Without Prejudice, Vol. 1", de 1990, e o novo trabalho, houve apenas um EP ao vivo, "Five Live", em 1993.
Motivo: George Michael estava ocupado demais processando sua ex-gravadora, a Sony.
Escravidão
Em 1992, o cantor anunciou que iria aos tribunais. Segundo ele, a Sony estava desrespeitando seu direito à expressão.
Desde 1990, George Michael vinha tentando mudar sua imagem: decidiu não dar mais entrevistas, não aparecer nos vídeos nem na capa do disco.
Queria desafiar a gravadora -que, para ele, só se interessava na sua imagem de sex simbol.
Se o astro ganhasse o processo, o precedente poderia provocar uma revolução na relação artista/gravadora. Não foi dessa vez.
Em junho de 1994, saiu o veredito, a favor da Sony. George Michael estava preso a um contrato para gravar mais seis álbuns.
"Com esse contrato, a Sony está praticando a escravidão", disse ele, ao final do julgamento.
O desfecho perfeito ficou por conta de Steven Spielberg. Sua Dreamworks -da qual David Geffen é um dos sócios- se associou à Virgin e fechou um mega-acordo com a Sony. As negociações envolveram negócios no valor de US$ 80 milhões.
Resistência
O primeiro single do novo trabalho, "Jesus to a Child", chegou ao primeiro posto da parada britânica e vendeu 500 mil cópias. O segundo, "FastLove", está há duas semanas na lista dos mais vendidos no Reino Unido.
"Faith", lançado em 1987, vendeu 16 milhões de cópias no mundo todo. "Listen...", o segundo, já não foi tão bem, chegando apenas (?) a 8 milhões.
Menos dançante e mais introspectivo, o álbum emplacou dois hits: "Praying for Time" e o hino "Freedom". Como cantor, só é levado a sério nos EUA -na Inglaterra, é ridicularizado pela imprensa musical.
Uma foto do cantor adorna a capa de "Older". O radicalismo parece ter sido deixado de lado. ainda assim, se recusa a dar entrevistas. Também não há notícias sobre uma turnê.
Na Internet, especula-se que ela acontecerá em 1997. Pode ir guardando dinheiro para os ingressos: dificilmente ele deixará de se apresentar por aqui.

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